sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A HISTÓRIA DO JUAZEIRO E O PADRE CÍCERO

A história do Juazeiro está intimamente ligada à figura do Padre Cícero Romão Batista. A fundação da cidade acontece com a construção capela de Nossa Senhora das Dores, em 15 de setembro de 1827, no local denominado Fazenda Taboleiro Grande (município de Crato), de propriedade do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro.
Descreve-se que três grandes juazeiros existentes em frente à capela, passaram a ser pousada obrigatória de viajantes e tropeiros, que viviam em andanças pelos sertões. Com o tempo, começaram a surgir as primeiras moradias e pontos de negócios, tendo início o povoamento. A fundação da cidade, porém, se deve ao Padre Cícero.
            Quando Padre Cícero chegou ao povoado de Juazeiro, em 11 de abril de 1872, para fixar residência, o local era um pequeno aglomerado humano com uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, uma escola, cerca de 35 casas (a maioria de taipa) e duas pequenas ruas (Rua Grande e Rua do Brejo). Cinco famílias importantes habitavam o local: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes. O restante da população era formado por escravos e arruaceiros habituados à bebedeira e à prostituição.
Antes de fixar residência definitiva no povoado de Juazeiro, Padre Cícero o visitou pela primeira vez no Natal de 1871, a convite do Professor Semeão Correia de Macedo, para celebrar a tradicional Missa do Galo. Padre Cícero chegou a revelar a amigos íntimos a verdadeira decisão de morar em Juazeiro, foi um sonho onde Jesus pediu que o Padre Cícero tomasse conta do povo sertanejo. 
A partir daí Padre Cícero planejou sua vinda para o povoado de Juazeiro. Chegou no dia 11 de abril de 1872. Uma vez instalado em sua nova residência, Padre Cícero deu início a sua ação evangelizadora e moralizadora. Modificou o costume da população acabando pessoalmente com a bebedeira e a prostituição. Com ele o povoado experimenta os primeiros passos rumo ao desenvolvimento.
Em 1907 o povoado de Juazeiro já havia alcançado um considerável nível de desenvolvimento, mas continuava pertencente ao município de Crato. Isto começou a incomodar os juazeirenses, surgindo daí o desejo de independência. Um movimento emancipalista iniciado por eminentes cidadãos locais, entre os quais José André de Figueiredo, Joaquim Bezerra de Menezes, Francisco Nery da Costa Morato, Cincinato Silva, Manoel Vitorino da Silva e João Bezerra de Menezes recebeu mais tarde a adesão do Padre Cícero, do médico baiano Floro Bartolomeu da Costa, do Padre Joaquim de Alencar Peixoto e do Prof. José Teles Marrocos, culminando com a vitória em 22 de julho de 1911, quando foi assinada a lei nº 1028, que elevou o povoado à categoria de Vila e sede do Município. Um forte aliado do movimento de independência de Juazeiro foi o jornal O Rebate, o pioneiro da imprensa juazeirense, fundado pelo Padre Joaquim Marques de Alencar Peixoto, em 18 de julho de 1909. No dia 4 de outubro de 1911, a Vila de Juazeiro foi inaugurada oficialmente, e o Padre Cícero foi empossado como seu primeiro Prefeito, ou Intendente, como se chamava naquela época. No dia 23 de julho de 1914, através da Lei nº 1178, a Vila de Juazeiro foi elevada à categoria de cidade. Esta data, porém, não é comemorada. Prevalece a data de criação do município. Em 9 de setembro de 1943, numa reunião realizada na Biblioteca Municipal foi adotada a denominação de Juazeiro do Norte. Os outros nomes sugeridos foram: Juripeba, Cariris, Padre Cícero, Nordestina e Cicerópolis. Fora da cidade existem três aglomerados humanos importantes: Marrocos, Padre Cícero (antiga Palmeirinha) e Vila Três Marias.
O desenvolvimento do Juazeiro do Norte que hoje é considerada a maior cidade do interior do Ceará, se dá pelo comércio que gira em torno da figura do Padre Cícero e é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo milhões de romeiros todos os anos.  Sem deixar de destacar o desenvolvimento das industrias que a cada dia vem tendo um elevado crescimento em todos os setores. Juazeiro do Norte também se destaca por ser uma cidade com muitos atrativos turísticos, sendo, por isso, visitada por romeiros e turistas do Brasil e do Exterior, numa média anual de um milhão de visitantes. A rede hoteleira conta com hotéis de até cinco estrelas, fora dezenas de ranchos para hospedagem de romeiros. Eis algumas atrações turísticas: Monumento do Padre Cícero, na Serra do Horto, Santo Sepulcro, Memorial Padre Cícero, Museu Padre Cícero, Matriz de Nossa Senhora das Dores, Casa dos Milagres, Capela do Socorro, Santuário de São Francisco, Igreja do Sagrado Coração de Jesus e Praça Padre Cícero.
A crença construiu símbolos, caminhos e a identidade de um povo, em que a fé sempre falou mais alto. E a motivação primeira dessa crença tem extrema relação com o Padre Cícero Romão Batista.
Padre Cícero é o maior benfeitor de Juazeiro e a figura, mais importante de sua história. Foi ele quem trouxe para Juazeiro as Ordens dos Salesianos e dos Capuchinhos; doou os terrenos para construção do primeiro campo de futebol e do aeroporto; construiu as capelas do Socorro, de São Vicente, de São Miguel e a Igreja de Nª Sª das Dores; incentivou a fundação do primeiro jornal local (O Rebate); fundou a Associação dos Empregados do Comércio e o Apostolado da Oração; realizou a primeira exposição da arte juazeirense no Rio de Janeiro; incentivou e dinamizou o artesanato artístico e utilitário, como fonte de renda; incentivou a instalação do ramo de ourivesaria; estimulou a expansão da agricultura, introduzindo o plantio de novas culturas; contribuiu para instalação de muitas escolas, inclusive a famosa Escola Normal Rural e o Orfanato Jesus Maria José; socorreu a população durante as secas e epidemias, prestando-lhe toda assistência e, finalmente, projetou Juazeiro no cenário político nacional, transformando um pequeno lugarejo na maior e mais importante cidade do interior cearense.
Os bens que recebeu por doação, durante sua quase secular existência, foram doados à Igreja, sendo os Salesianos seus maiores herdeiros.
Ao morrer, no dia 20 de julho de 1934, aos 90 anos, seus inimigos gratuitos apregoaram que, morto o ídolo, a cidade que ele fundou e as devoções à sua pessoa acabariam logo. Enganaram-se. A cidade prosperou e a devoção aumentou. Até hoje, todo ano, religiosamente, no Dia de Finados, uma grande multidão de romeiros, vindos dos mais distantes locais do Nordeste, chega a Juazeiro para uma visita ao seu túmulo, na Capela do Socorro.
Padre Cícero é uma das figuras mais biografadas do mundo. Sobre ele, existem mais de duzentos livros, sem falar nos artigos que são publicados freqüentemente na imprensa. Ultimamente sua vida vem sendo estudada por cientistas sociais do Brasil e do Exterior. Não foi canonizado pela Igreja, porém é tido como santo por sua imensa legião de fiéis espalhados pelo Brasil.
Padre Cícero é uma economia dentro do município de Juazeiro do Norte. Ele esta na música, na literatura oral, na cultura, no artesanato e na devoção e fé daquele povo.
Padre Cícero Romão Batista nasceu em Crato (Ceará) no dia 24 de março de 1844.  Ele foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870.  Após sua ordenação retornou ao Crato, e enquanto o Bispo não lhe dava paróquia para administrar, ficou ensinando Latim no Colégio Padre Ibiapina. Em 1889, ocorreu a primeira manifestação dos “poderes milagrosos” a ele atribuídos, quando a hóstia colocada na boca da beata Maria de Araújo se transformou em sangue. De início, Padre Cícero tratou o caso com cautela, guardando inclusive sigilo por algum tempo. O povoado passou a ser alvo de peregrinação: as pessoas queriam ver a beata e adorar os panos tintos de sangue. Essa peregrinação causou sentimentos de inveja, ciúmes e sentimentos depreciativos para com o Padre Cícero que depois de algum tempo custou-lhe o direito de celebrar. Pe. Cícero foi acusado por membros do Vaticano de mistificação, manipulação da crença popular e heresia (desrespeito às normas canônicas); em 1894, foi punido com a suspensão da ordem. Por todo o restante da vida, Cícero tentou, em vão, revogar a pena. Em 1898, foi a Roma e encontrou-se com o Papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas; apesar da proibição, Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro. Proibido de celebrar, Padre Cícero ingressou na vida política. Valeu-se do enorme prestígio entre os fiéis para conseguiu se eleger. Em 1911, com a emancipação de Juazeiro, elegeu-se Prefeito e ocupou o cargo por quinze anos; Cícero engajou-se tanto nas disputas políticas entre os oligarcas cearenses que acabou por ver-se na situação de enfrentar tropas federais, enviadas para uma intervenção. Cícero usou sua popularidade para convencer os fiéis a pegar em armas, e obrigou o governo federal a recuar da intervenção.
Posteriormente, foi nomeado vice-governador do Ceará e eleito Deputado Federal, mas, como não queria deixar Juazeiro, jamais exerceu nenhum desses cargos.
Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares, não raramente com certo exagero dos poetas populares. Embora ainda banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.
No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de, possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente,  beatificá-lo.
           No dia 22 de março de 2001, Padre Cícero foi eleito o Cearense do Século, em pesquisa organizada pela Rede Globo e TV Verdes Mares.




           


REFERÊNCIAS

DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Joaseiro.2a. edição. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1985.
FORTI, Maria do Carmo P. Maria de Araújo, a beata do    Juazeiro. São Paulo, Edições Paulinas, 1991.
GUEIROS, Optato. Lampeão. 2a. edição. São Paulo, 1953.
OLIVEIRA, Amália Xavier de. O Padre Cícero que eu conheci. 3a. edição. Recife, Editora Massangana, 1981.
SOBREIRA, Azarias. O Patriarca de Juazeiro. Petrópólis, 1968.
O CONHECIMENTO  TRANSMITIDO

O conhecimento é transmitido pelo homem desde suas origens mais antigas. E para transmitir esses conhecimentos eles utilizavam métodos, técnicas, formas variadas e que se aperfeiçoam, evoluem no decorrer dos tempos juntamente com o homem. A maneira de repassar essas informações não era através do ensino, mas através do relacionamento mútuo entre eles, onde os mais velhos (experientes) comunicavam esse conhecimento para os mais jovens, que por meio da escuta absorvia as palavras e usava na vida cotidiana.
A didática entra em cena quando começa a ter um olhar mais  preocupado com o processo de ensino que depois de algum tempo se estabelece. Nesse período de formação do que era didática e de sua importância, houve processos formais de ensino, mas que ainda não era algo semelhante ao que temos hoje nas instituições, mais que caminhava para essa vertente.
A didática, como é possível percebermos tem suas raízes muito antes de termos qualquer conceito de educação, ou de qualquer forma de organização educacional. A didática se revelava nas formas, técnicas, maneiras e métodos de ensinar, de transmitir os conhecimentos. Essas mesmas formas utilizadas são hoje usadas, só que de uma maneira mais atualizada, modelada para o nosso tempo.
Mais com o surgimento das escolas, instituições de ensino era preciso uma organização mais acentuada. E isso fez com que surgissem as técnicas e métodos de ensino. O modo de educar, denominamos de Didática.
Com a introdução da didática no modo de ensinas, faz com que nasçam as tendências, ou seja, os caminhos pelas quais são percorridos para repassar o conhecimento. E são variadas as tendências existentes que se adéquam a cada instituição. Como por exemplo, as tendências Socráticas, Aristotélicas  de ensino, que foram aprimoradas e tornaram-se semelhantes as tendências progressista e liberais da atualidade.
Por meio da evolução do ensino, do conhecimento surgiu a necessidade de novas pesquisas, fazendo dessa forma com que a didática seja sistematizada. E um dos nomes dessa sistematização é o de Comenius que preocupou-se em desenvolver  o que chamamos de método de ensino.  Essa e todas as tendências pedagógicas que surgiram se fundamentam na concepção do homem e da sociedade e que tem por função a formação do homem.
O modo que rege a sociedade está ligado diretamente ao sistema que o governa como podemos perceber na história das tendências que determinava os passos da sociedade modelando-a na maneira da tendência predominante da época, como por exemplo, a tendência tecnicista que predominou os anos de 50 e 60.  E como tudo evolui passa por transformações, mudanças, adaptações aconteceram da mesma forma com as tendências. Nos anos seguintes vieram as tendências progressistas e suas várias correntes, libertadora, libertária e crítico-social. Devemos salientar que essa tendência progressista é aquela que mais se aproxima da realidade da sociedade e do individuo. A mesma procura o senso crítico do ser humano, dando a ele o poder ser observador e modelador do meio em que vive.
A RELAÇÃO ENTRE O EUROCENTRISMO E A IDADE MODERNA
O eurocentrismo como uma visão de mundo que tende a colocar a Europa, assim como sua cultura, seu povo, suas línguas,como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo necessariamente a protagonista da história do homem. Eurocentrismo é uma idéia que coloca os interesses e a cultura européia como sendo as mais importantes e avançadas do mundo. E essa ideia nasce num contexto de transição do medieval para o período moderno que foi um período de mudança do Feudalismo para o Capitalismo. Avanços nas comunicações (viagens marítimas), difusão do saber com a invenção da imprensa.
Este conceito foi muito utilizado no período das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI). Nesta fase da história, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, descobriram novas terras na África e Ásia e implantaram suas culturas (religião, língua, modos, costumes) entre os povos conquistados. Fizeram isso, pois acreditavam que a cultura européia era mais desenvolvida do que a dos indígenas e africanos. Esse “tempo moderno”, porém, se reivindica a partir do Renascimento, movimento intelectual e artístico difundido pela Europa nos séculos seguintes. Para os Iluministas, o Renascimento lançou as bases de uma nova civilização ocidental, buscando na herança greco-romana o modelo de homem, arte e sociedade, descartando-se os valores da sociedade medieval, cristã e agrária.
Podemos perceber claramente que o periodo ou o conceito de moderno é fruto do eurocentrismo, por isso que estão tão ligados. Essa concepção de mundo que temos é extremamente influenciada por essa ideia eurocentrica , que a Europa é o berço da cultura, do conhecimento e de tantas outras coisas fabulosas. O homem de hoje de certa forma esta se desligando desse pessamento, porém precisa ainda muito para estarmos emancipados dessa eurocentria.
Resumo: Robevania Pedrosa
A ANCESTRALIDADE E A RELIGIÃO AFRICANA

Um dos fundamentos dos africanos é o culto aos ancestrais. É por meio dos cultos a esses antepassados que emana todas as outras estruturas das sociedades tradicionais. Esses cultos vão aparecer como fonte para as famílias, fontes para os cultos aos orixás, fontes para as religiões, ou seja, fonte para quase todo cotidiano das sociedades africanas.
Segundo Eduardo de Oliveira, os cultos aos ancestrais se dividem em três camadas, três categorias, que contemplam três dimensões distintas. O primeiro culto que é chamada de Sasa – que seriam ancestrais coletivos, que representariam toda comunidade, aldeia ou coletividade. Existem os Ecombus que seriam os ancestrais que representam a dimensão masculina, que são ancestrais masculinos que se remete diretamente ao individuo, deferente dos orixás que se remeteria diretamente ao coletivo e teria também os Zamani akbas que seriam os ancestrais que contemplam a dimensão do feminino e que se manifestam de forma individualizada.
Eduardo de Oliveira ainda faz uma diferenciação de ancestrais para Orixás, muito embora os orixás se derivem dos ancestrais, como por exemplo o rei Oxalá que se torna o rei Xangô eu é elevado a categoria de orixá pelos seus seguidores. Mas se há uma diferença, por outro lado existe também uma complementação. Orixás e Ancestrais de complementam.
Os Orixás seriam uma espécie de materiais simbólicos de origem, seria o que os antropólogos chamam de Arque. Seriam modelos atemporais, modelos históricos. Já os Ancestrais seriam princípios de existência social, ou seja, são exemplos sociais. Seriam tipos de heróis de nossa sociedade.
Os ancestrais por representarem todas essas três dimensões, o coletivo, o individual tanto masculino, quanto feminino, seriam a fonte geradora de todos os aspectos da coletividade da sociedade africana.
Os ancestrais são elementos fundamentais estruturantes dessa sociedade africana, pois eles participam praticamente de toda cotidianidade africana tradicionais em todas as dimensões e aspectos. Em grande medida passam a ser fundamentos das religiões africanas.
A principal estrutura da cultura, da identidade africana, segundo Eduardo de Oliveira é baseada na religiosidade. Ele elege algumas características que se percebe-se em quase todas as religiões da África negra.
A primeira característica é que todas elas são religiões comunitárias, que se centram na idéia de comunidade. Buscam o benefício para o coletivo e não o bem para um individuo como a maioria de algumas religiões ocidentais. Nas religiões africanas não há privilégios de classes ou de uma pessoa. 
A segunda característica é que essas religiões são pragmáticas, que buscam a harmonia social e espiritual e nesse sentido elas não se desvinculam da política, da economia e nem  do cotidiano, por isso é que são religiões extremamente pragmática. Dentro dessa sociedade nada está apartado, tem uma ligação ente economia, política e religião. Não é igual ao modo separado de pensar dos ocidentais, que separam a religião de todas as outras dimensões sociais.
A terceira característica é que não há salvacionismo nas religiões africanas, porque nas concepções africana não existe o pecado, nem de culpa, nem de paraíso, nem muito menos de inferno. E se não há essa concepção de erro não tem porque existir a necessidade de salvação. As religiões africanas não são orientadas para o futuro como são orientadas as religiões de origem cristãs.
A quarta característica, que estará presente em todas as religiões africanas é o culto aos ancestrais, seja como complementaridade do masculino, feminino ou hora divindade andrógena  que mistura o masculino com o feminino, hora divindade coletiva que representa toda comunidade.  Assim como a idéia de sacralidade se apresenta como outra característica profunda dos povos africanos que abrange todo o cotidiano.
O sagrado não diz respeito a penas a este espaço divino. Não há essa separação do sagrado com o divino. Para as religiões africanas o sagrado e o divino estão em tudo. A religião busca o bem estar do coletivo.
Outra característica muito importante é o conhecimento da natureza. Todo individuo que compõem, ou que são adeptos dessa sociedade, dessa religiosidade são conhecedores das riquezas que pode advir da natureza. Os africanos reconhecem na natureza sua fonte de vida. Há uma simbiose entre natureza e divindade. A divindade esta não só no que é orgânico mais também no que é inorgânico natural.  Por isso que nas religiões africana eles fundem elementos naturais como por exemplo, animais, plantas, raízes,água, pedras etc.
Outra característica encontrada em todas as religiões africanas é a divisão entre divindade criadora e divindade organizadora, ou seja, aquela que cria, que deu origem ao universo e aquelas divindade que servem para organizar a vida social, natural.
E outra característica importante, pois diferencia as religiões das seitas. São os mitos de origem, o mito fundador que conta a origem do mundo para aquela determinada religião.
Para Eduardo de Oliveira a sétima característica seria a dualidade das coisas do mundo para essas religiões, que seria a mesma dualidade dos ocidentais que separam o mundo nas esferas do bem e do mau. Só que é revertida em energia construtiva ou destrutiva.
Oitava característica é a complementaridade entre divindades masculina e feminina. Nas religiões africanas o masculino e o feminino se completam. Isso dará uma importância fundamental às mulheres dentro das religiões africanas. Pois em todas as religiões africanas as mulheres têm papel de destaque, tem papel de centralidade, isso porque ela vai carregar consigo uma característica fundamental que é a da fertilidade. É a partir da mulher que é possível produzir, crescer, multiplicar. Ela seria fértil por natureza. Diferentemente do homem  que não tem essa função. Por isso que eles se completam.
Outro ponto característico importante nas culturas africana é o reconhecimento das personalidades históricas que está em grade medida ligado com os cultos aos ancestrais.
A décima característica seria que as religiões são territorializadas, pois estão ligadas a um território. Estão resumidas, ligada ao espaço da comunidade.
A décima primeira característica é que são religiões imanentes. Não há a idéia de transcendente. Que se prendem a esfera do divino. Não é preciso morrer para alcançar a esfera do sagrado. O sagrado não é atingido depois da morte. Você atinge essa esfera na própria história, não precisa esperar. Por isso é que são religiões imanentes, pois são ligadas ao dia-dia das pessoas. Todas as coisas acontecem no tempo, na história e não fora dela.
A ultima característica é a idéia de diversidade, pois são religiões que aceitam e respeitam as diferenças. Não há uma exclusão de diferenças, eles integram as pluralidades de misturas, pois acreditam que a força vital, primeira está em todo. Por isso tudo está interligado entre si. Não há porque destruir algo, as coisa podem se unir.
A MORTE PARA OS AFRICANOS

A morte não significa a extinção total, ou aniquilamento. Morrer é uma mudança de estado, de plano de existência; fazendo parte do ciclo, ao mesmo tempo religioso e vital, que possui início, meio e fim. A morte traz o desequilibrio com a vida e seu cotediano, e os ritos faz com que a energia vital retorne a comunidade, sendo redestribuida para a mesma. Os titos funerais vem restruturar a sociedade africana para que possa restabelecer o equilibrio social, acumulando a energia vital.
O individuo que morrer deixa um espirito que se torna em imediato em um ancestral, uma entidade que passa a acumular experiências e consequentemente sabedoria em relação a vida. A morte fica como é vista, uma passagem para outro plano, a eternidade, onde o espirito, a sua energia vital, é imortal. Os rituais funerários além de ser um ritual de passagem para outro plano. É também um ritual de permanecensia em relação a sua energia vital, que permanece na comunidade que absorve para crescer, com isso a morte é um ganho dobrado. A vida é para ser festejada, a morte também. A morte não é o fim, mas representa um recomeço e uma reintegração.
A ideia de família na sociedade africana existe uma matriacalidade, não havendo destição ao genero, há uma igualdade de sexo, o homem e a mulher são iguais. Porém há uma interveção da mulher muito forte. A família é toda uma linhagem, os ancestrais  também fazem parte da família, pois ele vai ser  o núcleo primeiro da sociedade africana. A ideia de produção material para a sociedade africana, está ligada a família. Principalmente em relação a terra, que é o principal elemento. O universo é influenciado pela ordem dos seres na natureza. A desintegração, a separação com a Natureza constituiu para o homem africano o obstáculo do desenvolvimento integral. Eles  veem a terra como uma deusa, onde não se desequilibra a mesma. Os africanos só há ocupa para suprir as necessidades do grupo, sem destruí-la, sem apropria-se dela.O deus está em cada parte da natureza, pois em todo elemento natural tem uma energia vital.
A Força Vital como vitalidade universal é capaz de individualizar-se nas relações entre o homem e a natureza. A profunda relação daquele com esta está nela sedimentada, uma vez que ela é a força capaz de gerir tal relação. Essas relações não se restringem apenas à relação homem-natureza, mas também acontece sobre a realidade social bem como sobre a relação do Homem com o sobrenatural. A energia Vital não abrange apenas a relação do Homem com a natureza.
A NOÇÃO DE TEMPO PARA OS AFRICANOS

O tempo para os africanos é centrada no passado. Na concepção tradicional africana não há um conceito de História movendo-se para a frente, em direção a um clímax futuro, bem como não há um movimento em direção ao fim do mundo.O tempo para os africanos esta no passado, o melhor tempo é aquele que já se passou. O passado é  a referencia do tempo, o futuro para os africanos é algo vago.
Na concepção africana de tempo, as ocorrências do presente constituem, sem dúvida, base para o futuro, mas o evento atual é tido como pertencente ao presente, integrando-se ao passado. O tempo atual é constituído, portanto, de eventos presentes e passados.
A tradição é algo presente na sociedade africana, o que se passou, é extremamente vivo em seu cotidiano, que vai interferir no presente que é reatualizado a cada dia. Em seus rituais, oferendas, em suas vidas, pois o passado irá ajudar a comunidade. A maioria dos africanos não tem a ideia de planejarem o futuro, eles vivem no presente olhando para o passado. E é vivendo essa condensação do que se passou e o que se vive. A divisão do tempo é de duas dimensões, passado e presente, a sasa é o micro tempo é relacionado ao individuo, ao atual. Ja o zamani é uma especie de micro tempo, o tempo das coisas eternas, atraves das lembranças que passa a ser eterno. O esquecimento é a morte definitiva.
Não há fim do universo, de todas as coisas para os africanos, o individuo só se torna eterno pelo o que ele fez na história, se tornando um ancestral. Não a fim da história pois, há uma retualização do passado atraves dos seus rituais. Também não há destinção entre o sagrado e o profano pois o sagrado está no profano e o profano está no sagrado, não se dividendo, pois há uma intregação. A divindade em tudo e em todos os lugares.
O tempo para os africanos se expressam de forma diferentes, os africanos mantem uma relaçãocomo o tempo atraves dos fatos que aconteceram não se apegando a datas e sim aos fatos acontecido. A ancestralidade e a tradição era como o tempo será visto. Na sociedade africana, não há individualidade, a coletividade é que predominam em suas ideias e na sua sociedade. A parte vai esta no todo, o individualismo faz parte da coletividade e a coletividade se intrega ao individuo.


ÁFRICA, UM CONCEITO OCIDENTAL

A África não é simplesmente um continente ou um aglomerado de países, mais um conceito que o mundo ocidental criou sobre o continente Africano. Nesse sentido falar de África é basicamente falar de um conceito forjado, inventado pelo mundo ocidental.
A maioria das imagens, dos discursos e das idéias que nos vem a cabeça quando ouvimos falar de África são todas criações ocidentais dentro de sua visão deturpadora. Por isso, o conceito, o nome de África é algo puramente ocidental.
Quando pensamos, imaginamos, atribuímos algo a África é em grande medida uma imagem de pessoas negra. A maioria delas em grande medida flagelada pela fome, por doenças, por epidemias ou daquela África propagandeada pelo cinema norte americano, de uma África selvagem, romantizada.
Criou-se também uma visão de que ao falarmos de África estamos falando de um país e não de um continente formado por diversos países, constituído de culturas e diversos povos. Influenciado por esse conceito europeu criamos a imagem de áfrica como algo homogêneo, como um todo e não separado por suas partes distintas.
Em grande medida essa imagem de áfrica que temos hoje foi produzida a partir do século XVIII, XIX pelo continente europeu, que vai colocar o continente africano como seu outro negativo. Onde os ocidentais constroem uma visão de superioridade em relação a eles. A partir dessa ideologia de superioridade criada pelo velho mundo, faz nascer uma série de preconceitos, até mesmo um processo de xenofobia extremamente forte dentro do continente europeu com aquilo que eles chamam de invasão dos povos Árabes. Isso é patente hoje em países como a França, Espanha, Itália e Alemanha.
Essa aversão aos Africanos vem crescendo cada vez mais no continente Europeu. A pesar dessa aparente aceitação por parte dos europeus com os africanos, não passa de uma máscara que encobre um preconceito ainda maior. Os europeus consideram os africanos ou descendentes deles como homens de segunda categoria.
A África é considerada como continente atrasado, repleto de barbarias, que ainda não conseguiu sair da idade média de um período de obscuridade. É essa a imagem que todo o mundo tem da África. Conceito esse propagado e divulgado por toda sociedade mundial e tido com grande credibilidade.
Quando imaginamos a África pensamos logo na figura do negro correndo pela selva, passando fome, pés descalços, catando o resto daquilo que o mundo despeja naquele continente. Esquecem que boa parcela dos Africanos é de cor branca, diferente da imagem que nos impuseram do negro como escravo, submisso ao europeu.
Devemos ter a consciência de que quando falarmos em África, não cometamos o mesmo erro de homogeneizar o continente africano como uma coisa só, pois estaríamos caindo dessa forma uma esfera de poder  que nos faria ter uma suposta intenção de grandeza, superioridade com relação aos Africanos.
Foi nesse estigma de preconceito que a África foi inventada, foi pensada e que em grande medida ainda é divulgada pela mídia, pelos meios de comunicação, com o intuito de manter a dominação, o poder, nos seus aspectos, político, social e, sobretudo cultural.   
Fazem uma divisão erronia em relação a esses povos, dizem que todos os africanos, continentes é, tudo uma coisa só, isso para desvalorizar o continente criando essa imagem pejorativa, pois uma vez que um determinado país do território da África seja considerado pobre ou de condições miseráveis todos estarão englobado nessa perspectiva. Essa divisão vai trazer grandes danosas consequências para África e para todas as nações desse continente. Pois uma vez que se tem esse pensamento desvalorizamos toda e qualquer manifestação cultural, social e política que seja produzida nessas sociedades.
Mas toda criação projeta pelos ocidentais em relação a África cai por terra na primeira análise mais sistematizada, mais aprofundada pois veremos que nada daquilo que foi formulado é de verdade o que realmente seria o continente africano.
A África não cabe dentro de todos os preconceitos cogitados pelos ocidentais em com relação a ela. Mas esse preconceito não se restringe única e exclusivamente da parte dos ocidentais, mas de uma boa parte da sociedade mundial. A começar pela mídia e pelos meios de comunicação. Isso podemos observar ma desvalorização de todo aqueles celebres nomes que fizeram história na sociedade mundial, mas que são descartados por serem desse continente desprezado por muitos. 
No continente africano a corporeidade é muito valorizada, a presença do corpo, a forma de se expressar, os gestos, as cores e toda essa miscelânea. Mas em grande medida há influencia dos ocidentais que são contrários a essa manifestações, acham que o corpo não tem toda essa importância. Mas essa intolerância com ralação aos africanos faz com que haja um desmerecimento das tradições praticadas pelos africanos com seus corpos.
Se não tivermos cuidado faremos da historiografia uma arma nas mãos dos idealistas ocidentais e reproduziremos essa carga de preconceitos para com os africanos.
No Brasil de forma mais gritante poderemos observar esse preconceito absorvido dessa elite nos livros didáticos que destaca o negro como escravo, classe inferior, desprezada pela sociedade e depois da abolição os negros vão ser riscados das páginas dos livros, ou seja, só tinham importância quando eram usados, torturados em função de um senhor de engenho ou em qualquer tipo de serviço que desmerece a condição humana.
É preciso que ao explorar essa temática relacionada aos africanos, não sejamos reprodutores dessa cultura de desvalorização do negro, antes devemos problematizar esse tema como forma de instigar no pensamento daqueles que nos escutam o questionamento de o porquê que a África é tão menosprezada e encontrar formas de estimular uma solução para tais questionamentos e eliminar esse preconceitos criado, implantado em nossas cabeças.