PRÉ-HISTÓRIA
A - Quais os elementos históricos ou mudanças históricas e os elementos indicadores da diversidade no contexto da pré-história do Brasil?
B - Descreva a história da expansão da agricultura:
C - As características das diferiações sociais e as vasilhas de cerâmicas:
D - Elabore um texto síntese sobre a história da ocupação e dos assentamentos humanos no Brasil e na América:
RESPOSTAS:
A- A parti das evidências arqueológicas podemos afirmar que a diversidade no contexto da pré-história do Brasil se deu com a ocupação dos povos não-ceramistas até 3 ou 2 mil anos atrás. E cada região dividida com seus costumes e tradições; Como por exemplo na região sul tinha como tradições Umbu e Humaitá. No litoral os grupos sambaqueiros (construtores de sambaquis que são montões de conchas de cozinhas e de esqueletos depositados em praias, rios etc.), entre 8 e 2 mil anos AP. O sudeste foi dominado pelas mesmas populações mas com uma ocupação mais antiga que chega aos 14.200AP em São Paulo e médias de 12 mil AP em Minas Gerais. Já na região centro-este, as datas mais recuadas alcançam 22 mil AP. No nordeste, existem várias datas entre 11 e 8 mil AP, além de numerosas entre 14 e 35 mil AP. Com a interpretação no amplo contexto arqueológico do Brasil, podemos sugerir que houve três etapas de ocupação humana do território. A primeira etapa, teria sido feita pelas populações Paleoíndias que predominariam em grande parte do Brasil até 12 mil AP. A segunda etapa iniciou com a colonização mongolóide, representada pelas populações sambaqueiras. E assim a terceira parte foi de fundamental importância no contexto pré-histórico do Brasil. Os povos mongolóides que originalmente se fixaram na Amazônia e criaram a agricultura, a cerâmica e novos padrões demográficos e culturais de economia e organização social, a partir de 10-9 mil AP. Uma grande explosão demográfica na Amazônia causou a expansão geográfica de povos ceramistas e agricultores. Essa expansão ganhou impulso com o incremento da alimentação que a agricultura deu a essas populações. Junto com essa nova forma de subsistência foram desenvolvidas novas maneiras de se organizar social e politicamente, (organização social mais hierarquizada e com lideranças definidas) com maior capacidade para conquistar e manter novos territórios. Essas mudanças são representadas pela modificação brusca na sequência de ocupação dos horizontes arqueológicos a partir 3 ou 2 mil AP, quando áreas típicas de grupos não-ceramistas são ocupadas por povos ceramistas. É apenas na Amazônia que as sequências de ocupação mostram sinais de mudanças gradativas, indicando diferentes processos de descoberta e invenção em termos de subsistência e de cultura material. Esse fenômeno demográfico e geopolítico, com o passar dos últimos quatro milênios, transformou o território brasileiro em um espaço em que passou a predominar a diversidade social e cultural entre os povos indígenas. A diferiação entre as línguas é um fator da diversidade cultural, que traduz uma série de outras mudanças que ocorrem ao longo da história das sociedades. A origem dessa diversidade possui muitas causas, incluindo a combinação aleatória de fatores como o contato interétnico, as invenções tecnológicas, a adaptação a determinados ambientais, a descoberta ocasional ou intencional de plantas e minerais úteis, as trocas econômicas, as trocas matrimoniais e as trocas simbólicas, aos processos históricos paralelos e diferenciados de cada povo. Falando em diversidades de mudanças e elementos históricos do contexto brasileiro, deixar de citar os povos falantes das línguas Tupi, que influenciaram na família lingüística de sete línguas entre 6 e 3 mil AP. Esse modelo lingüístico é muito sugestivo para o desenvolvimento de explicações e para refletir sobre o vasto e complexo grau de continuidade e mudanças históricas ocorrido no cenário das ocupações e da história das populações indígenas, que como sabemos tem toda ligação com o povo brasileiro. Os vários elementos e mudanças supracitadas, como: as ocupações das regiões, influenciando na cultura, as transformações nos territórios brasileiros, os desaparecimentos de línguas nativas, invasões tecnológicas, a adaptação de determinados ambientes, as fases de ocupação humana e tantos outros fatores ajudaram na criação de um contexto todo diversificado na pré-história brasileira. Em quase todo o Brasil não-amazônico, a mudança no estilo de vida dos habitantes do território, excetuando a região dos sambaquis e algumas áreas pequenas do interior, é radical, sem estágios intermediários que atestam gradações de desenvolvimento entre o modelo típico caçador-coletor e o modelo agricultor. Isso foi verificado em todo Brasil e na América do Sul, pois o estudo sistemático de todas as informações obtidas revela mudanças na Amazônia a partir de 8 mil anos atrás, que parecem ter chegado por volta de 2 mil AP nas áreas meridionais brasileiras.As mudanças seguem uma direção mais ou menos contínua, do nordeste da América está a origem da agricultura e da cerâmica, que representam a maior diferença material entre esses povos e os caçadores e pescadores.
B- Podemos descrever a história da agricultura com base nos dados mais recentes que apontam a área amazônica, formada por - Peru, Equador, Colômbia e Venezuela e Brasil- como a região original da agricultura na América do Sul. Existe atualmente certo consenso de que a agricultura da América do Sul foi criada e desenvolvida em virtude das condições geradas pela diversidade da flora tropical e pela soma gradual de conhecimentos construídos em várias partes da Amazônia. Poderia, também, de um ponto de vista mais controverso nesse momento, ser fruto de um novo modelo de se relacionar e de explorar os recursos naturais, desenvolvendo de acordo com a entrada das populações mongolóides. Essas populações teriam uma relação distinta com a vegetação, considerando-a e explorando-a com outras perspectivas que terminariam por configurar os vários sistemas agros florestais reconhecidos entre as populações nativas na América do Sul. Isso não significa, entretanto, que os paleoindíos praticassem a agricultura, mas que eles certamente consumiam vegetais e deviam manejar algumas espécies. Enquanto as populações mongolóides desenvolviam seus conhecimentos botânicos, descobriam novos alimentos e criavam equipamentos para processá-los, as populações paleoíndias seguiam reproduzindo seus padrões de subsistência aparentemente mais registros em termos de produção alimentar a partir de vegetais. Quando a agricultura assumiu a forma hoje conhecida, entre 6 e 5 mil AP, acompanhada de um desenvolvendo tecnológico específico para transformar e processar seus estoques alimentares, as populações que dela se beneficiaram cresceram muito e tornaram-se cada vez mais sedentárias, pois não tinha mais tanta necessidade de se deslocar em busca do alimento.Mudaram também as suas estruturas societárias e políticas. Acreditamos que a principal mudança social e política decorreram da nova necessidade de dominar e manejar territórios definidos, enquanto os paleoíndios teriam outras formas de se organizar para administrar seus territórios (que ainda desconhecemos). O reflexo desse crescimento demográfico foi à expansão dos povos mongolóides sobre os paleoíndios. Raras áreas, por conta de limitações ambientais, deixaram de passar por essa substituição, como algumas porções do pampa gaúcho e de outras partes do Brasil em que a estrutura dos solos não permitia a existência de cobertura arbórea e arbustiva de grande parte, condicionantes para a prática da agricultura de floresta tropical. As populações mongolóides encontraram na América do Sul as condições vegetais ideais que favoreceram o desenvolvimento da agricultura nas florestas tropicais. Os grupos mongolóides teriam na base da sua estrutura as mesmas práticas culturais que levaram à criação e ao desenvolvimento da agricultura em toda essa imensa região, a partir de 9-10 mil AP. Essa peculiaridade teria fornecido os aspectos mais comuns, como as técnicas e ferramentas usadas para construir uma roça, que foram encontrados nos diversos centros “independentes” de criação da agricultura típica da floresta tropical ao redor do mundo. Sabemos, entretanto, que não usaram os mesmo equipamentos que os mongolóides para processar as plantas, pois artefatos típicos para o processamento de vegetais só começam a aparecer a partir de 7 mil AP. O que explicaria a existência de grupos com práticas diferentes: entre os que apenas coletavam certas plantas e os que cultivavam essas mesma plantas? A explicação estaria no diferentes sistemas culturais, uma vez que os paleoíndios teriam á sua disposição as mesmas condições ambientais e algumas das plantas que as populações posteriores. Seus diferentes sistemas culturais de subsistência deram respostas distintas, desenvolveram relações desiguais com as fontes de subsistência, com o ambiente e com outros aspectos de ordem tecnológica. Contudo, ainda não sabemos determinar a razão dessa diferença e não queremos fazer afirmações do tipo “eles não sabiam que podiam ser plantadas” ou “não se interessaram em plantá-las”. É provável que, em todas as regiões, tenham existido oportunidades e interesses para trocas de conhecimentos e experiências. Esses novos conhecimentos, somados aos saberes tradicionais que os mongolóides já dominavam, estariam na origem das técnicas de manejo agro florestal, na base da agricultura de floresta tropical e no que hoje conhecemos como florestas “antropogênicas” (resultado da ação humana sobre a vegetação de determinadas áreas). Com a manipulação das novas plantas, foi necessário o desenvolvimento de novos equipamentos e técnicas de processamento dos vegetais, como vasilhas cerâmicas, pilões, prensas de mandioca, raladores, o cozimento e a torração. As descobertas das últimas três décadas vêm apontadas para a comprovação da hipótese original de Donald Lathrap, a partir de exemplos verificados nas áreas tropicais da América Latina, África e Ásia, sobre a ocorrência de um estágio anterior à agricultura, com plantios feitos no quintal das habitações. Para ali serem levadas as plantas coletadas na floresta, em uma crescente variedade de espécies usadas para diversos fins, resultando na necessidade de abrir clareiras específicas para cultivar perto das moradias, formando as primeiras roças de coivara, cujas evidências mais antigas alcançam 5.700 anos (mas deve alcançar maior antiguidade). O principal aspecto desse tipo de cultivo é a concentração espécies visando a uma produtividade maior em um mesmo espaço. O cultivo de palmeiras deve ter sido pioneiro em termos de concentração, em razão das múltiplas ofertas que as suas variadas espécies proporcionam: frutos e palmitos, bem como matérias-primas para a confecção de uma ampla gama de artefatos de uso cotidiano. As espécies mais comuns na agricultura de floresta tropical são divididas em dois grupos gerais: as tuberosas e as graníferas. Atualmente, a maior parte dessas plantas é considerada domesticada, ou seja, dependem dos humanos para sua reprodução e manejo e muitas delas estão freqüência presentes nas nossas mesas. Imaginamos que o processo entre as populações paleoíndias e mongolóides e a troca de informações que culminou na contínua agregação dessas espécies de plantas, de modo a configurar as roças tal como são conhecidas na atualidade, formando um consórcio de diversas plantas cultivadas ao mesmo tempo em clareiras no meio da floresta. Além das plantas em si, as áreas cultivadas funcionavam com verdadeiros atrativos para animais diversos, em virtude da concentração de alimentos. Isso ampliava a capacidade das populações agricultoras de obter comida, especialmente sob a forma de proteínas e lipídios essências para a sobrevivência. Além do consumo imediato de vegetais e animais, também existia a possibilidade de estocá-los, conservando-os por meio do moqueamento. Moquear consiste em defumar o animal até que ele esteja apto para ser guardado por vários meses. Os vegetais também podiam ser estocados sob a forma de farinha, bolos e massas fermentadas, tanto ao ar livre quanto em silos subterrâneos ou aquáticos. Essa capacidade de obter e conservar alimentos certamente resultou da contínua troca de informações entre as populações durante um período que deve perpassar os últimos 10 mil anos, constituindo tradições imemoráveis.
C- As diferenciações sociais foi marcada por uma etapa importante da nossa história mais antiga.A invenção da cerâmica, que pode-se associar a crescente diversidade no interior das comunidades, mostrando o desenvolvimento das técnicas de transformação dos alimentos por meio de cozimento, fervura e torração. As vasilhas de cerâmicas ajudaram as populações pescadoras e coletoras do baixo rio Amazonas, no processamento de animais e vegetais. Nessa região da Amazônia estaria o local onde começou a aparecer o uso dessa tecnologia (caso não apareçam em outras regiões novas descobertas sensacionais como a da Taperinha, atualmente a cerâmica mais antiga do Hemisfério Ocidental). A utilização da cerâmica permitiu o desenvolvimento de algumas técnicas que favoreceram uma ampliação nas maneiras de transformar alimentos crus em pratos nutritivos e apetitosos. Assar, cozer e torrar parece às primeiras funções culinárias dos utensílios cerâmicos que, em poucos séculos, foram sendo disseminados ao longo da região amazônica a partir do baixo Amazonas, em vasilhas que passaram a ter formatos e decorações distintas. A cerâmica serviu também para a confecção de enfeites, a exemplo das tangas de barro de Marajó, como também de brinquedos, como bonecas Carajás e de objetos rituais, como vasilha tauva rukaia, usada apenas para rituais entre os Asurins do Xingu. O uso de vasilhas como urnas funerárias também é muito conhecido. Algumas eram confeccionadas e decoradas apenas para enterrar os mortos, como as famosas urnas marajoaras. Outras urnas funerárias tinham a função secundária de vasilhas feitas, em primeiro lugar, para cozinhar alimentos ou fermentar bebidas alcoólicas, como são o caso das cerâmicas utilitárias dos povos tupi-guaranis, sobretudo as vasilhas dos tipos yapepó e cambuchi. A confecção das vasilhas visava a vários fins, tanto para o cotidiano quanto para rituais e celebrações específicas. Em cada sociedade, como vimos, se utilizava a cerâmica de sua forma, segundo costume de cada grupo, usando-as para diversos fins. O manuseamento desse material era o que caracterizava a sociedade.
D- A OCUPAÇÃO E DOS ASSENTAMENTOS HUMANOS NO BRASIL E NA AMÉRICA
O Brasil foi ocupado em diversos locais com dimensões e formas variadas, chamadas pelos arqueólogos de assentamentos. Muitos desses assentamentos eram a céu aberto.
Existiam também, os abrigos-sob-rochas, que serviam como moradias ou como espaços para rituais. No seu interior se realizava a fabricação de instrumentos e artefatos de pedras, madeira e outras atividades de trabalhos e de vida social.
Os assentamentos podiam ser fixos ou não, de acordo com a organização social. Os grupos que não possuíam um local fixo circulavam os territórios a espera de ofertas sazonais de certas espécies de plantas. A circulação de alguns grupos era determinada pelas relações sociais e políticas. As populações que dotassem esse modelo circulatório eram os caçadores-coletores.
A permanência definitiva em um local era determinada pela agricultura. Mas nem sempre a agricultura determinava uma única estratégia de vida.
Existia uma divisão dos assentamentos a céu aberto: aqueles constituídos por casas, os de tipos sambaqui e os aterros que poderiam adaptar-se a ambientes e climas específicos.
Os grandes assentamentos e densas populações indígenas não existiam apenas em beira da Amazonas, mas se proliferaram por outras regiões. A organização social era bem rígida, em algumas casas as pessoas freqüentavam lugares específico, restrito segundo o seu sexo, a idade e a hierarquização social. Alguns povos realizavam seus cultivos em determinadas áreas, mas não deixavam de circular por outros territórios. Muitas vezes, os assentamentos foram posicionados em áreas estratégicas, por causa de recursos naturais disponíveis. O domínio de certos recursos poderia determinar o tamanho dos assentamentos e sua importância hierarquia em relação a outros sítios, em termos políticos e demográficos.
Assim como a evolução natural das coisas acontecem, não seria diferente neste caso. O processo de ocupação ganhou proporções bem elevadas. Na última década, alguns estudos têm proposto que a ocupação humana no litoral brasileiro se deu num processo de crescente aumento das hierarquias e na geração de excedentes.
Milena Maria
Robevânia Pedrosa
Wellington Aquino