terça-feira, 30 de agosto de 2011

TEORIA E HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA

A historiografia de forma mais objetiva é a escrita da história, porém existem vários autores que a definem de diversas formas. Como por exemplo, que:
“a historiografia é um produto da história e revela com clareza a sociedade que a gerou” (Charles Olivier Carbone)
“a historiografia é como uns produtos intelectuais dos historiadores, reafirmam tanto a historicidade da historiografia quanto sua efetividade textual” (Jörn Rüsen)
“a historiografia como um dique coberto por uma camada de gelo no final do inverno, o passado foi coberto por uma fina crosta de interpretações narrativas; e o debate histórico é muito mais um debate sobre a camada da crosta do que o próprio passado encoberta por ela”.
Com essa ultima definição temos a idéia que de certa forma se melhor explica, pois Frank percebe que a historiografia busca o aprofundamento na história. De forma que possa ter um olhar para a massa e não só pela a exatidão do fato, que não deixa de ser importante, mas é necessária toda uma representação do passado. A historiografia é a representação do passado, porque a análise historiográfica nos revela elementos populares, com modelos ideológicos e sociais. Esse objeto de investigação para a construção de um saber histórico, nos mostra também a visão que os autores delinearam a história e por que não dizer que esses autores também influenciaram outros conceitos.
“a historiografia requer uma reflexão, que seja sobre as incertezas que marcam o próprio conceito de história”.
A historiografia no Brasil passa por transformações continuas, seria complicado designar seus desenrolar, pois em nosso país podemos encontrar as duas formas de historiografias. O  modo de escrever história depende muito de seus autores, que por sua vez, estão ligados a grupos de intelectuais distintos. Que a historiografia iluminista, que seria aquela clássica, que tem todo um método e uma linearidade. E também a historiografia maxista que lança um método de se pesquisar histórica mais esmigalhado, ou melhor, em pequenas partes com isso fazendo rupturas para melhor compreensão.
Podemos dizer que a historiografia se encontra em um processo que de certa forma é maravilhoso para a história, pois são essas transformações que nos impulsionam a buscar sempre ter um olhar mais crítico. E essas duas visões podem nos ajudar fazer com que desenvolvemos sempre mais o nosso intelecto histórico.
A historiografia se faz importante porque além da representação do passado, como foi mencionada no início, ela nos revela um contexto que podemos analisar a sociedade. Principalmente se for bem escrito, pois a analise ajuda o historiador a ser mais critico e também ter uma visão crítica. Desenvolvendo o conhecimento que obtemos na pesquisa historiográfica, e por que não dizer, desenvolvendo o intelecto em relação à história. Pois o discurso facilita a compreensão, principalmente com os elementos da historicidade que facilita a compreensão. Os estudos que envolvem o conceito de historiografia e o estatuto teórico do texto historiográfico organizam, e que nos traz uma discussão sobre o caráter auto-reflexivo do conhecimento histórico e sobre as definições construídas para a historiografia. Essa particularidade é que revela a importância de um olhar crítico para a historiografia, da necessária retificação das versões produzidas por historiadores de tempos em tempos, que contribuem para alargar o conhecimento teórico-metodológico da disciplina. Assim, a historiografia é um produto da história, logo tem uma historicidade, o que a torna, portanto, objeto e fonte da história. Com essa preocupação apresenta tipos de história da historiografia que são encontrados e que traduzem práticas científicas de historiadores preocupados tanto em afirmar quanto em negar os princípios ideológicos dos trabalhos selecionados.
Robevânia P.

MANOEL BONFIM, ESCOANDO A HISTORIA DO BRASIL A CONTRAPELO

Nordestino e rico Manoel José Bonfim (1868-1932) foram e são até hoje, para quem o conhece um grande e polêmico historiográfico. Apesar de sua origem de filho de comerciante, muito bem sucedido, ele buscou sempre o conhecimento intelectual, mesmo não sendo a vontade de sua família. Estudou medicina no Rio de Janeiro onde foi professor, político, jornalista e em Paris estudou psicologia. Porém sempre recorria à generosa mesada de seu pai. Talvez tenha sido essa mesada que o manteve sempre dedicado a ciência.
Bonfim é um grande crítico da sua época, pois ele não mede suas palavras para criticar a história dos grandes “heróis” bragantinas. Porém o seu alvo era atingir os historiares que persistiam em escrever uma história influenciada pela elite bragantina. . No livro O Brasil na História — intitulado "Os que fizeram a História do Brasil" —, o autor identifica parte da produção historiográfica brasileira que considera ilegítima, através de uma crítica aos historiadores que responsabiliza pela deturpação da história do País. Também apresentam de modo sucinto, aqueles que consideravam como os verdadeiros historiadores nacionais: frei Vicente do Salvador, Robert Southey, Capistrano de Abreu e João Ribeiro. Manoel Bonfim buscava resgatar a identidade do Brasil, valorizando a sua gente e a sua raça de várias faces. Rompendo com o tradicionalismo e principalmente com as histórias deturpadas, omitidas e silenciadas.
O principal alvo do seu ataque foi à história portuguesa do Brasil escrita por historiadores que Bonfim considerava como ilegítimos representantes da nação brasileira porque seriam legítimos representantes da Coroa portuguesa. Foi por isso que incidiu ferozmente sobre Rocha Pitta (1660-1738), o "digno súdito do trono bragantino"; Alves Nogueira (m.1913), o "pró-holandês"; e, sobretudo, Varnhagen, para quem reservou uma série de adjetivos injuriosos: "historiador mercenário"; o "menos humano dos homens"; "brasileiro de encomenda"; "sem bondade"; "patriotismo de convenção"; "deturpador da história do Brasil". "Historiadores por encomenda, opacos refratores, sem outro maior valor que o da distorção", teria produzido para ele, uma história sem grande preocupação com a crítica e a doutrina nacionalista. Teriam optado por valorizar a erudição escrevendo vastas histórias, desenvolvidas em pormenores que revelaram tão somente o heroísmo bragantino.
“Ele (Bonfim) combateu a ‘história oficial’, que inaltecia os heróis luso-brasileiros que massacraram a população brasileira” (Reis - pág. 37)  
Bonfim traz a tona um sentimento revolucionário e patriota, fazendo com que a história seja pronunciada. Bonfim conseguia ver o Brasil como os europeus viam o Brasil e como o mesmo era tão inferiorizado pelos europeus. E isso fez com que Bonfim abrisse o leque de críticas em relação à submissão dos escritores brasileiros, com as idéias européias. Principalmente a ideia de inferioridade dos negros e caboclos, que os intelectuais bragantinos extraíram do pensamento europeu. Mas além da preocupação com o rigor científico, o trabalho de articulação das informações através da narrativa parece-me importante para pensar no caso de Manoel Bonfim
A vanguarda revolucionária que Manoel Bonfim tanto desejava e sonhava se tornou em um grito sem eco, muito menos sem socorro. Porém não se pode dizer que o seu pensamento e suas idéias fossem ingênuas, pois o que Bonfim queria era uma história plenamente voltada a nação brasileira e não de uma minoria, que era a elite.
 “Utopia… Utopia… Repetirá a sensatez rasteira. Utopia, sim; sejamos utopistas, bem utopistas; contanto que não esterilizemos o nosso ideal, esperando a sua realização de qualquer força imanente à própria utopia; sejamos utopistas, contanto que trabalhemos”. (Manoel Bonfim)
 E o Brasil necessitava de algo que revolucionasse a nação brasileira. O espírito patriota de Bonfim, que ele fazia conhecer em suas obras, foi silenciada e esquecida por muito tempo, mas não deixa de ter sua importância historiográfica. Manoel Bomfim defendia a miscigenação no Brasil, valorizando-a e negando a validade científica das teorias racistas. Via na educação o “remédio” para o atraso do Brasil, para a emancipação das classes populares. Esse sentido libertário que ele atribuiu à educação é um dos princípios básicos para a construção da cidadania.
A mudança necessária no País para alçá-lo à condição de ‘civilizado’ não se relacionava a raça do povo, mas residia na promoção de uma educação popular gratuita à toda a gente brasileira. “Apenas por meio do processo educacional o Brasil poderia tornar-se uma grande nação social democrata”. (Manoel Bonfim)
Bonfim rompe a tradição secular em suas teses revolucionarias, porém solitária. Ele foi pioneiro e corajoso e também necessário para historiografia brasileira. Manoel Bonfim não aceitava a história oficial dos bragantinos, ele queria que o povo brasileiro fizesse parte da história de seu próprio país. Bonfim se mostra em toda a sua carreira contrario as idéias bragantinas, ao sistema da República, que para ele não se diferencia muito do Império. Apesar de toda sua coragem em suas críticas, Bonfim termina os seus dias desapontados e decepcionados com a situação do Brasil, e da sua história que estava sendo maquiada pela elite.
Bonfim teve ousadia em falar suas verdades, mas infelizmente sua voz foi quase solitária e silenciada. Talvez tenha sido ingenuidade da parte dele acreditar que todos o ouvissem. Mas tudo que escreveu de certo modo influenciou muitos ouros escritores, ou melhor, historiadores, apesar de ter se passado tanto tempo. Hoje os seus trabalhos são bem visto, despertando em seus leitores o valor da verdade.  
Manoel Bonfim é sem dúvida nenhuma um grande historiador, revolucionário, patriota e um grande crítico. Sua ousadia era persistente e avassaladora, mas não se pode negar que todo seu radicalismo em suas famosas critica a outros historiadores, deveria ser mais ponderadas. Pois apesar de todo tradicionalismo e influencia bragantina, esses historiadores fazem parte também da história do Brasil. De certo modo a influencia européia teve sua parcela de contribuição para a nação brasileira.
As interpretações de Manoel Bonfim a respeito da história, da historiografia e dos historiadores de seu tempo não podem ser separadas de suas representações sobre o fazer político. Esta associação é que permite analisar sua atitude crítica, assim como possibilita recuperar a função que era atribuída à escrita da história, em seus textos. Em sua época, a historiografia e os historiadores eram avaliados em meio à tensão entre uma ciência que se queria neutra e imparcial e interesses particularistas; entre a demanda por uma concepção moderna de história fundada na crítica dos documentos, da memória e da tradição e as constantes exigências de posicionamento intelectual, em defesa da nação. Para Bonfim, escrever a história era uma tarefa ao mesmo tempo científica. Uma ciência neutra e imparcial e patriótica, sendo que o compromisso com a verdade histórica identificava-se com o compromisso com a nação.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

HISTÓRIA MEDIEVAL I
As invasões dos bárbaros
O nascimento do ocidente medieval se constitui em um povo conservador. Os romanos sobreviviam de suas guerras, que por sua vez eram sempre defensivas, apesar de pensarem esta conquistando. O Estado tinha o dever de assegurar estabilidade das instituições; sua economia era alimentada pela guerra de pilhagem, e das guerras vitoriosas que vinham mão-de-obra escrava. O Império por muito tempo era visto como glorioso e forte. Porém o mesmo tinha entrado em uma crise e com a divisão do Império só consolidou o seu fim. Com a fundação de Constantinopla, o mundo do oriente se distanciava cada vez mais do mundo do ocidente. O ocidente se encontrava empobrecido e fraco, as vitorias não eram mais constante e a mão-de-obra escrava foi diminuindo.
As expectativas sobre o cristianismo que iria recuperar a paz e a prosperidade, todos acreditavam que se aliando a igreja seriam mais forte. Mas a igreja não queria se limitar ao império, ela almejava a universalização do cristianismo, e o Império só seria um modelo de organização.
As invasões bárbaras do século 5° foi o acontecimento que preceptor as transformações, dando um aspecto catastrófico. As invasões constituíram um dos elementos essências da crise do século. A devastação destruiu os campos, as cidades foram arruinadas e o declínio da agricultura. Houve uma retratação demográfica e transformações sociais. Os romanos e os bárbaros eram povos completamente diferentes, pois os romanos se consideravam superior a qualquer outra civilização principalmente com os bárbaros. Os povos bárbaros não tinham laços com a terra e a viviam de invasões violentas e muito sangrentas. Com a tomada dos bárbaros houve uma aculturação que fez com que houvesse uma absolvição e uma aceitação tanto dos romanos quanto bárbaros. Pois não havia mais o que fazer, a população de certa forma estava apoiando os invasores.
Depois, com o forte poder, a igreja começou um processo de conversão para o cristianismo. O mundo medieval é a fusão de dois mundos que se fundiram buscando o mesmo objetivo através de inúmeras transformações. Com tudo isso o comércio não agüentou e entrou em declínio. E trouxe uma onda de miséria nas cidades que por sua vez foram se enfraquecendo e se acabando. A ruralização é o fato social que modela a imagem da sociedade medieval. O campo vai ser o refugio para todos que viviam nas cidades. Com o êxodo urbano a agricultura cresce gradativamente.
Os bárbaros adotam tanto quanto podem do que o Império romano legou superior, sobretudo no domínio da cultura. Com isso houve uma miscigenação cultural. Mas também acontece uma regressão populacional; por meio da violência, doença e miséria; uma regressão técnica, pois não sabe mais extrair, transportar e trabalhar a pedra; com isso volta o uso da madeira como matéria prima. Até os costumes começa a ter um controle, pois com isso há também uma regressão dos costumes que por influencia da igreja começa a dar limites tanto na alimentação, no sexo e na emaciação do corpo.

ROBEVÂNIA PEDROSA
HISTÓRIA MEDIEVAL I

A MORTE DE SI PRÓPRIO

            Nesta aula foi possível observar a grande preocupação da sociedade medieval com a própria morte, com o que iria acontecer com seu corpo no juízo final, já que agora tudo seria individual a cada ser humano.          
            Por volta do século XI e XII começa a surgir uma preocupação com aquilo que chamamos hoje de individuo, ou com o corpo individual. A morte estava deixando de ser algo coletivo, que era feito da mesma forma por todos e passa a ter uma preocupação com o corpo singular, de cada um. A morte passava a ser vista não mas como um destino coletivo, mas passava a ser encarada como algo mais individualizado.      Segundo Phillip Arie, alguns fenômenos é que vão introduzir essa sensível modificação. O primeiro desses fenômenos é a representação do juízo final no fim dos tempos, ou seja, havia uma preocupação com o que aconteceria com a alma a partir daquele momento. Um segundo fenômeno decorrente desse primeiro segundo Arie é que a idéia de juízo final vai ser transplantada do fim dos tempos para o fim de cada um, ou seja, não seriam mais julgados todos de uma só vez, cada um teria seu próprio julgamento particular no momento de sua morte. O terceiro fenômeno seria o interesse pelos objetos fúnebres, assim como o interesse pela decomposição pelo corpo físico. O quarto fenômeno é o retorno da epigrafia funerária, ou seja, após a morte se fazia imagens que representassem aquela pessoa, dando assim uma característica de individualização da morte. E o quinto e ultimo fenômeno foi a personalização das sepultura.
            Nesse período houve uma supervalorização do cristianismo e da igreja na questão do juízo final, pois todos aqueles que fossem tidos como cristão ou que tivessem confiado seu corpo a igreja já estariam salvo.
            A igreja era detentora de uma grandiosa influência neste período, pois a igreja tinha a função de salvar as almas e julgando quem estava apto ou não a ir para o paraíso. Toda sua vida será guardada no seu livro da vida onde se verá as suas obras e se merece está junto do Pai. Há também, a figura do purgatório que seria um lugar para aqueles que não conseguiram ir para o paraíso. Então a alma ficaria como se estivesse se purificando, para no fim dos tempos serem salvas.
            A partir do século XIII surge uma nova visão do juízo final que continuava com algumas características do julgamento anterior, mas que foram adicionados novos elementos. Um dos elementos é a separação dos justos e dos não justos. E serão julgados mediante suas ações aqui na terra. A partir de então a biografia pessoal de cada um passa a pesar na ora em que se apresentassem diante de Deus.
            E muitas outras mudanças aconteceram neste período da história e que tiveram influencia significativa nas sociedades posteriores, pois até hoje temos traços desses acontecimentos ocorridos nessa fase da história da humanidade.    

A MORTE DOMESTICADA

Segundo Phellipe Arie, a primeira forma de morrer ou a primeira atitude perante a morte que ele vai destacar é o que ele chama de MORTE DOMESTICADA. Que seria aquela em que o individuo sabe de ante- mão, através dos sinais que seu corpo apresenta  que vai morrer. É uma morte reconhecida pelo moribundo e onde ele mesmo prepara o organismo e todo o ritual de sua morte. Neste tipo de morte, morte domesticada, a figura central vai ser o próprio moribundo. Toda a cerimônia é prepara pelo enfermo em sua fase terminal e o primeiro ato é o de deitar-se no leito. As pessoas desta época não morriam fora dos seus leitos, de suas casas. A segunda atitude era colocar os braços em cruz e a cabeça voltada para Jerusalém o rosto para o céu. Até o século XII não se morria de forma diferente, isso entre os mais pobres e os mais ricos, todos morriam da mesma forma. Feito isto, o morto permanecia com todo protoco. Recebia os parentes, amigo, conhecidos, todos que quisessem vê-lo. A morte era uma cerimônia pública, coletiva. Onde todos presenciavam, todos participavam da cerimônia. Era muito mais uma confraternização com aquele que estava morrendo do que uma despedida. Após este momento o agonizante congratulava-se e reconciliava com aqueles que iam fica. Recomendava a alta deles e a sua. Depois ele se recolhia e esperava a morte vir lhe buscar. A única participação dos visitantes nestes rituais era a de ungi a cabeça do moribundo. Esse era o ritual da Morte Domesticada segundo Phellipe Arie. Esta é a morte típica do homem ocidental do século IV.
As características dessa morte segundo Phellipe Arie são as seguintes. A primeira é que ela é uma morte pública e coletiva, onde todos morrem do mesmo jeito e é uma cerimônia onde todos podem participar. A segunda característica é que a morte não é um ritual de lamentação, ela não é espetacularizada, muito pelo contrario é um ritual muito simples, onde as pessoas aceitam naturalmente, diferentes dos tempos atuais.
Neste período vai ser comum as pessoas estarem dentro da Igreja e do lado, até mesmo dentro da Igreja encontrar cadáveres. Esta convivência entre vivos e mortos vai ser extremamente natural e pacifica.
A igreja vai ser o local onde vão ser enterrados os mortos. Os ricos eram enterrados dentro da igreja, próximo ao altar e os pobres fora, ao lado da igreja. Este ato de sepultar os mortos na Igreja mostrava a confiança devotada ao templo religioso. Pois eles acreditavam que confiando os seus corpos a igreja teriam a salvação, pois estariam mais perto de Deus.
Esse modo com que esta geração aceitava a morte nos revelar o estado de espírito de um povo que encontrava na conformidade uma forma de refugiar-se dos sofrimentos causado pela morte, pelas doenças e misérias daquela época. Eram apegado a explicações provenientes dos “representantes de Deus” aqui na terra, aqueles que faziam parte do clero. Por isso viveram de conformidade e submissão. 
A MORTE DO OUTRO
            A partir do século XVI acontece uma modificação significativa com relação a morte, surge um novo sentido pra ela. A morte agora vai ser vista, representada de uma forma muito mais espetacularizada. Ele passa a ter uma exaltação. Se torna algo dominante na vida do homem. Algo angustiante, tenebroso, que destrói com toda calmaria do homem. Há toda uma dramatização em torno dos rituais fúnebre. Morrer passava a ser vista como ruptura, como algo que dar fim na sequência da vida. Torna-se algo irracional.
            A igreja usa a morte como punição para aqueles que ela considerava herege. A morte passou a ser temida.
            Neste século ocorre a expansão da burguesia e inicio de gestação do movimento de industrialização da Europa. Os aspectos materiais e econômicos passam a ter uma importância mais significativa que até então não tinha.
            A morte passa a ser sinônimo de ruptura com a realidade da vida, com a idéia de razão e com a idéia de trabalho.  Interrompe a sequência da vida. E todos querem adiar esse momento provocado pela morte.
            Há um desenvolvimento também na questão da expectativa de vida. Ultrapassam a média dos séculos passados que não chegavam a mais de 45 anos.
            A partir do século XVI a morte não é algo banal, natural, é algo que todos sabem que vão passar e todos se resignam da idéia de morrer. Passa a haver uma não aceitação da idéia de morrer, todos querem evitar.
            Passam a existir novos rituais para a morte. Não existe aquele tradicionalismo, onde todos faziam da mesma forma.      
            As novas atitudes perante a morte vão levar a laicização do testamento. O testamento servia para expressar a ultima vontade do testador.
            Se até o século XVI, na morte domesticada e na morte de si próprio a família aparecia apenas como co-adjuvante, a partir desse momento a família passa a ter um papel fundamental, pois é a ela que o moribundo confia suas ultimas vontades. Passa a ter uma relação de afetividade ainda maior neste momento tão doloroso.
            Todos estes fatos, no entanto, só ocorrem entre as classes mais abastadas que possuem alguma coisa para deixar como herança.
            Neste período há uma intervenção do Estado e não somente da Igreja nas questões da morte. Para reconhecer os testamentos e diz se morreu ou não deve-se fazer referencia ao Estado,na pessoa do medico, representante do estado.
            Com todo esse cuidado com relação a morte procuraram desenvolver técnicas para prolongar a vida das pessoas. Através da estética e ta utilização da medicina tentam prolongar sua estadia aqui na terra.
            Uma das manifestações do medo de morrer e de saber que não teremos mais aquela determinada pessoa ao nosso lado é o surgimento dos cultos aos mortos, que nada mais seria do que a necessidade de tentar trazer essa pessoa para  o convívio, nem que seja na memória, não deixando que seja esquecido, isto já pensando quando for a sua hora. E um exemplo disso são os cultos aos cemitérios, onde dedicamos um dia do ano para lembrar e celebrar os mortos. Com isso eles acreditam que exista uma vida pós morte, ou seja, existe a possibilidade de dar continuidade a vida aqui findada. Resumindo, nós não queremos pensar que a morte seja um fim e amenizam a dor com a hipótese de uma outra oportunidade de viver.
            Todos esses traços podemos encontrar nos dias hodiernos. E podemos notar que o medo da morte não diminuiu, muito pelo contrario, cresce a cada instante a pesar de todas as tentativas de adaptação ainda não encontraram uma formula para aceitar a morte e a perda de alguém, causada por ela.


A MORTE INTERDITADA

            Na aula de hoje o professor abordou uma temática muito atraente que nos levou a refletir sobre um dos estágios da evolução a morte. A morte interditada.
            Aquilo que alterou-se muito pouco nos séculos anteriores, sofreu pequenas alterações nos século XII e XVI, quando surgiu o que se chamou de a “Morte de Si Próprio” e entre os séculos XVI e XIX quando surgiu a “Morte do Outro”.
            Segundo Philipe Arie, a partir do século XX com a velocidade com que o mundo começa a tomar, também as atitudes perante a morte vai ter modificações significativas, diferente das mudanças anteriores que só aconteceram no decorrer do milênio e de forma lenta.
            As alterações que pouco ocorreram no decorrer de mil anos vão ter alterações consideráveis no período de décadas, a partir do século XX.
            Na passagem do século XIX para o século XX, segundo Philipe Arie, houve uma mudança, a mais radical nas atividades do homem ocidental perante a morte. A morte deixa de ser algo familiar, coletivo e vai passar a ser vista  como extremamente vergonhosa, algo que não se pode mais falar abertamente, assim como se falava até o século XIX. Isto decorre devido alguns motivos.
            Um é o de poupar o moribundo do sofrimento. A família passa a ter controle sobre a morte do moribundo, para poupar a dor do mesmo.
            Neste momento da história a verdade sobre a morte começa a se tornar problema para os que estão prestes a morrer e para a família. Começa a admitir-se que alguém não fará parte da sua vida e se torna algo muito doloroso. A uma partilha do sofrimento.
            Já a modernidade caracteriza-se pela solidariedade, tornando a vida mais feliz e de certa forma confortável pelo fato de existir alguém que procura dividir, amenizar o sofrer do outro.
            Neste momento a morte passa a ser excluída, evitada, pois ela provoca angustia, por isso Arie caracteriza esta sociedade como aquela que procura interditar a morte.
            Surgem novas práticas perante os rituais da morte. O primeiro fato é a transferência do local da morte que até então era no seu leito e passa a ser no hospital. Morrer em casa passa a ser constrangedor tanto para a família quanto para o moribundo.  
            A partir da década de 30 o hospital passou a ser não só local de morte e cura, mais privilegio de alguns na hora da morte. Há uma supervalorização da pessoa do médico com relação a morte.
            Nos tempos atuais tomou o lugar das famílias anteriores que tomavam conta dos doentes em fases terminais. Hoje o médico tem a ultima palavra quando se diz respeito ao moribundo. É ele quem analisa e dá o diagnóstico final. Só então a família pode tomar as providencias cabíveis com relação a cerimônia fúnebre. O ritual mais radical é a cremação, pois impossibilita uma devoção ao cuidado dos restos mortais. No entanto não deixa-se de sofrer ou lembrar dos entes queridos que já não estão entre eles..
            O luto prolongado vivido até o século XIX acabou, passou a ser cada vez mais curto, simplificado.
            Por tudo isso é que podemos ver a grande importância da evolução no processo de transformação ocorrido na aceitação da morte, nos rituais, na adaptação e na forma encontrada para amenizar o sofrimento causado pela morte.
            Hoje podemos ver os traços deixados no decorrer dos anos nesta tão significativa temática que é a morte. 
Wellington Aquino 
A PRÉ-HISTÓRIA DA PENÍNSULA IBÉRICA

A PRÉ-HISTÓRIA DA PENÍNSULA IBÉRICA

            O estudo aprofundado da Pré-história da Península Ibérica nos portará a descobrir a importância dessa grande fase na história da humanidade. Poderemos observar sua influência, seus aspectos e sua organização, que de uma forma ou de outras contribuiu para formação das sociedades futuras a esse período.
            Através de uma abordagem sistemática analisaremos alguns aspectos da pré-história da Península, do desenvolvimento humano e da ocupação do território, mesclando os vários momentos históricos desse período e absorvendo os pontos mais importantes e marcantes poderemos caminhar juntos fazendo uma analise crítica desse tempo na Península Ibérica. 
            Nos situaremos de inicio com a chegada dos primeiros habitantes na Península que cronologicamente não é exata, porém segundo alguns estudiosos, podemos apontar uma época que mais ou menos se aproxime do período exato dessa ocupação, que seria há cerca de 1,2 milhões de anos atrás, se descarta a possibilidades de vidas anteriores a essa datação.
            A Península Ibérica, ao longo dos tempos, teve movimentações de povos e populações em várias épocas da analisada pré-história. Todos os povos antes do período da Idade do Ferro têm uma origem desconhecida sendo qualquer datação uma hipótese.
            No decorrer do estudo referente aos períodos pré-histórico da Península, o paleolítico, mesolítico, o neolítico e todos os outros, poderão ser observados as primeiras contribuições dos primitivos para as sociedades posteriores.
            O Paleolítico é o momento das primeiras descoberta onde os povos pré-históricos da península desenvolveram utensílios de pedra, osso, madeira que facilitaram o desenvolvimento da comunidade primitiva. Aparecem machados, martelos, lâminas cortantes e arpões feitos de pedra lascada. Fabricaram anzóis e agulhas de osso, arco e flecha de madeira. Usavam trajes de pele para se abrigar do frio. Caça, pesca e colhe frutas e raízes como meio de vida. Usa o fogo para cozimento de alimentos e defesa contra animais. Vivem em pequenos grupos nômades e abrigam-se em cavernas. Desenvolvem a linguagem para se comunicar. Através da observação, e de sua inteligência o homem vai descobrindo meios de dominar a natureza e usá-la em seu favor.
            O período intermediário não se fez sentir com tanta força, pois não trouxe grandes mudanças assim como poderemos observar veremos no Neolítico, por esse motivo não nos deteremos no mesolítico, deixando claro, no entanto, a existência de fatos significativos, que contribuíram na composição posterior.  Como por exemplo, citaremos que neste período, o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. O domínio do fogo foi o maior exemplo disto. Com o fogo, o ser humano pôde espantar os animais, cozinhar a carne e outros alimentos, iluminar sua habitação além de conseguir calor nos momentos de frio intenso. Estas culturas não surgem em todo o lado ao mesmo tempo nem têm idêntica duração.
            No Neolítico a um aprimoramento das técnicas de domínio sobre a natureza. O clima é mais favorável a vida, pois até então o clima era um das principais dificuldades de adaptação desses povos. Começaram a viver em grupos maiores formando as primeiras aldeias, surgindo dessa forma as primeiras organizações das sociedades que já no Paleolítico esboçava um aparecimento, no entanto é no Neolítico que começa sua organização através dos clãs. Passaram a ser sedentários deixando de ser nômades, assumindo essa nova forma de vida, obtendo dessa maneira certa desenvoltura nos aspectos sociais.
            É notável a evolução nesse período, pois em muitos âmbitos alcançaram um grande enriquecimento tecnológico-primitivo. Deixaram de viver em cavernas de forma rudimentar e passaram a viver em habitações feitas de paliçadas e palafitas por eles construídas ganharam formas civilizadas. Aperfeiçoaram seus utensílios, armas e instrumentos. Utilizaram barros para fazer potes e jarros de cerâmicas. Construíram jangadas, canas e barcos facilitando a navegação pelos mares.
            O homem se estabeleceu na terra e desenvolve a agricultura e utilizando-se de animais no trabalho, no transporte e não somente para alimentação. Surgem também manifestações religiosas baseada nos fenômenos da natureza.
            Através desse contexto é possível enxergarmos uma sociedade bem estruturada com traços semelhantes aos que nas sociedades atuais. Traços de uma organização econômica produtora proporcionando um maior controle das fontes de alimento.
            Com o desenvolvimento da economia ocorrido no Neolítico a uma desigualdade no ampliação das capacidades de produção, definindo os regionalismo e variabilidade dos grupos humanos criando diferenças de tradições e força produtiva nas distintas comunidades.
            Outro momento onde devemos dar uma devida atenção é a Idade dos Metais  onde se desenvolveu através dos metais misturados a outros metais. Este é o período de grande expansão do Megalitismo. Nesse momento desencadeia-se a chamada “Revolução dos produtos Secundários”, abrindo caminhos para inovações tecnológicas ausentes do Neolítico antigo, como também o uso do cavalo para montaria, a metalúrgica, o arado, a roda e o carro de boi que facilitou no transporte de cargas pesadas. E sem nos esquecermos do desenvolvimento do comercio a distância que abriram horizontes para o conhecimento de novas culturas.  Contribuindo não só na troca de produtos, mas também de costumes que foram absorvidos e associados a sua cultura. Começaram a aparecer a comunidades Urbanas, mas marcante no sul do território.
            E outro fator primordial que possibilitou a regularização dos contatos entre estes povos foi a navegação marítima. Devido a estes fatores abriram-se as vias de contato econômicos e culturais que contribuíram para definição da Idade do Cobre.
            Já na Idade do Ferro, período da metalúrgica, caracterizado pela utilização do fero como metal importado. Este período é dividido em período da cultura de Hallstall e período da cultura de La Téne. Na Europa Central o Período é divido em quatro:
Cultura dos túmulos, cultura dos campos de urnas, cultura de hallstatt e cultura de La Téne.
            Outros aspectos da pré-história da Península nos vários períodos que seria importante fazermos referência são os conceitos de sociedades, novos rituais religiosos devido a influencia de outros povos. Fundação de alguns pontos comerciais que estimularam o crescimento científico e econômico melhorando toda sociedade pré-histórica.   
            Estes e outros fatores supracitados influenciaram para encaminha os rumos da Península Ibérica em todos os âmbitos da sociedade. Traços religiosos, econômicos, sociais, políticos podem ser observados na Península. Mas nenhum é tão evidente como a miscigenação dos vários povos que passaram por este território. Fenícios, gregos, cartesianos, primitivos ou não, todos deram sua contribuição, deixaram sua marca na formação cultural, social, ética e política da península Ibérica. 

Wellington Aquino
PRÉ-HISTÓRIA
A - Quais os elementos históricos ou mudanças históricas e os elementos indicadores da diversidade no contexto da pré-história do Brasil?
B - Descreva a história da expansão da agricultura:
C - As características das diferiações sociais e as vasilhas de cerâmicas:
D - Elabore um texto síntese sobre a história da ocupação e dos assentamentos humanos no Brasil e na América:
RESPOSTAS:
A-  A parti das evidências arqueológicas podemos afirmar que a diversidade no contexto da pré-história do Brasil se deu com a ocupação  dos povos não-ceramistas até 3 ou 2 mil anos atrás. E cada região dividida com seus costumes e tradições; Como por exemplo na região sul tinha como tradições Umbu e Humaitá. No litoral os grupos sambaqueiros (construtores de sambaquis que são montões de conchas de cozinhas e de esqueletos depositados em praias, rios etc.), entre 8 e 2 mil anos AP. O sudeste foi dominado pelas mesmas populações mas com uma ocupação mais antiga que chega aos 14.200AP em São Paulo e médias de 12 mil AP em Minas Gerais. Já na região centro-este, as datas mais recuadas alcançam 22 mil AP. No nordeste, existem várias datas entre 11 e 8 mil AP, além de numerosas entre 14 e 35 mil AP. Com a interpretação no amplo contexto arqueológico do Brasil, podemos sugerir que houve três etapas de ocupação humana do território. A primeira etapa, teria sido feita pelas populações Paleoíndias que predominariam em grande parte do Brasil até 12 mil AP. A segunda etapa iniciou com a colonização mongolóide, representada pelas populações sambaqueiras. E assim a terceira parte foi de fundamental importância no contexto pré-histórico do Brasil. Os povos mongolóides que originalmente se fixaram na Amazônia e criaram a agricultura, a cerâmica e novos padrões demográficos e culturais de economia e organização social, a partir de 10-9 mil AP. Uma grande explosão demográfica na Amazônia causou a expansão geográfica de povos ceramistas e agricultores. Essa expansão ganhou impulso com o incremento da alimentação que a agricultura deu a essas populações. Junto com essa nova forma de subsistência foram desenvolvidas novas maneiras de se organizar social e politicamente, (organização social mais hierarquizada e com lideranças definidas) com maior capacidade para conquistar e manter novos territórios. Essas mudanças são representadas pela modificação brusca na sequência de ocupação dos horizontes arqueológicos a partir 3 ou 2 mil AP, quando áreas típicas de grupos não-ceramistas são ocupadas por povos ceramistas. É apenas na Amazônia que as sequências de ocupação mostram sinais de mudanças gradativas, indicando diferentes processos de descoberta e invenção em termos de subsistência e de cultura material. Esse fenômeno demográfico e geopolítico, com o passar dos últimos quatro milênios, transformou o território brasileiro em um espaço em que passou a predominar a diversidade social e cultural entre os povos indígenas. A diferiação entre as línguas é um fator da diversidade cultural, que traduz uma série de outras mudanças que ocorrem ao longo da história das sociedades. A origem dessa diversidade possui muitas causas, incluindo a combinação aleatória de fatores como o contato interétnico, as invenções tecnológicas, a adaptação a determinados ambientais, a descoberta ocasional ou intencional de plantas e minerais úteis, as trocas econômicas, as trocas matrimoniais e as trocas simbólicas, aos processos históricos paralelos e diferenciados de cada povo. Falando em diversidades de mudanças e elementos históricos do contexto brasileiro, deixar de citar os povos falantes das línguas Tupi, que influenciaram na família lingüística de sete línguas entre 6 e 3 mil AP. Esse modelo lingüístico é muito sugestivo para o desenvolvimento de explicações e para refletir sobre o vasto e complexo grau de continuidade e mudanças históricas ocorrido no cenário das ocupações e da história das populações indígenas, que como sabemos tem toda ligação com o povo brasileiro.  Os vários elementos e mudanças supracitadas, como: as ocupações das regiões, influenciando na cultura, as transformações nos territórios brasileiros, os desaparecimentos de línguas nativas, invasões tecnológicas, a adaptação de determinados ambientes, as fases de ocupação humana  e tantos outros fatores ajudaram na criação de um contexto todo diversificado na pré-história brasileira. Em quase todo o Brasil não-amazônico, a mudança no estilo de vida dos habitantes do território, excetuando a região dos sambaquis e algumas áreas pequenas do interior, é radical, sem estágios intermediários que atestam gradações de desenvolvimento entre o modelo típico caçador-coletor e o modelo agricultor. Isso foi verificado em todo Brasil e na América do Sul, pois o estudo sistemático de todas as informações obtidas revela mudanças na Amazônia a partir de 8 mil anos atrás, que parecem ter chegado por volta de 2 mil AP nas áreas meridionais brasileiras.As mudanças seguem uma direção mais ou menos contínua, do nordeste da América está a origem da agricultura e da cerâmica, que representam a maior diferença material entre esses povos e os caçadores e pescadores.

B-   Podemos descrever a história da agricultura com base nos dados mais recentes que apontam a área amazônica, formada por - Peru, Equador, Colômbia e Venezuela e Brasil- como a região original da agricultura na América do Sul. Existe atualmente certo consenso de que a agricultura da América do Sul foi criada e desenvolvida em virtude das condições geradas pela diversidade da flora tropical e pela soma gradual de conhecimentos construídos em várias partes da Amazônia. Poderia, também, de um ponto de vista mais controverso nesse momento, ser fruto de um novo modelo de se relacionar e de explorar os recursos naturais, desenvolvendo de acordo com a entrada das populações mongolóides. Essas populações teriam uma relação distinta com a vegetação, considerando-a e explorando-a com outras perspectivas que terminariam por configurar os vários sistemas agros florestais reconhecidos entre as populações nativas na América do Sul. Isso não significa, entretanto, que os paleoindíos praticassem a agricultura, mas que eles certamente consumiam vegetais e deviam manejar algumas espécies. Enquanto as populações mongolóides desenvolviam seus conhecimentos botânicos, descobriam novos alimentos e criavam equipamentos para processá-los, as populações paleoíndias seguiam reproduzindo seus padrões de subsistência aparentemente mais registros em termos de produção alimentar a partir de vegetais. Quando a agricultura assumiu a forma hoje conhecida, entre 6 e 5 mil AP, acompanhada de um desenvolvendo tecnológico específico para transformar  e processar seus  estoques alimentares, as populações que dela se beneficiaram cresceram muito e tornaram-se cada vez mais sedentárias, pois não tinha mais tanta necessidade de se deslocar em busca do alimento.Mudaram também as suas estruturas societárias e políticas. Acreditamos que a principal mudança social e política decorreram da nova necessidade de dominar e manejar territórios definidos, enquanto os paleoíndios teriam outras formas de se organizar para administrar seus territórios (que ainda desconhecemos). O reflexo desse crescimento demográfico foi à expansão dos povos mongolóides sobre os paleoíndios. Raras áreas, por conta de limitações ambientais, deixaram de passar por essa substituição, como algumas porções do pampa gaúcho e de outras partes do Brasil em que a estrutura dos solos não permitia a existência de cobertura arbórea e arbustiva de grande parte, condicionantes para a prática da agricultura de floresta tropical. As populações mongolóides encontraram na América do Sul as condições vegetais ideais que favoreceram o desenvolvimento da agricultura nas florestas tropicais. Os grupos mongolóides teriam na base da sua estrutura as mesmas práticas culturais que levaram à criação e ao desenvolvimento da agricultura em toda essa imensa região, a partir de 9-10 mil AP. Essa peculiaridade teria fornecido os aspectos mais comuns, como as técnicas e ferramentas usadas para construir uma roça, que foram encontrados nos diversos centros “independentes” de criação da agricultura típica da floresta tropical ao redor do mundo. Sabemos, entretanto, que não usaram os mesmo equipamentos que os mongolóides para processar as plantas, pois artefatos típicos para o processamento de vegetais só começam a aparecer a partir de 7 mil AP. O que explicaria a existência de grupos com práticas diferentes: entre os que apenas coletavam certas plantas e os que cultivavam essas mesma plantas? A explicação estaria no diferentes sistemas culturais, uma vez que os paleoíndios teriam á sua disposição as mesmas condições ambientais e algumas das plantas que as populações posteriores. Seus diferentes sistemas culturais de subsistência deram respostas distintas, desenvolveram relações desiguais com as fontes de subsistência, com o ambiente e com outros aspectos de ordem tecnológica. Contudo, ainda não sabemos determinar a razão dessa diferença e não queremos fazer afirmações do tipo “eles não sabiam que podiam ser plantadas” ou “não se interessaram em plantá-las”. É provável que, em todas as regiões, tenham existido oportunidades e interesses para trocas de conhecimentos e experiências. Esses novos conhecimentos, somados aos saberes tradicionais que os mongolóides já dominavam, estariam na origem das técnicas de manejo agro florestal, na base da agricultura de floresta tropical e no que hoje conhecemos como florestas “antropogênicas” (resultado da ação humana sobre a vegetação de determinadas áreas). Com a manipulação das novas plantas, foi necessário o desenvolvimento de novos equipamentos e técnicas de processamento dos vegetais, como vasilhas cerâmicas, pilões, prensas de mandioca, raladores, o cozimento e a torração. As descobertas das últimas três décadas vêm apontadas para a comprovação da hipótese original de Donald Lathrap, a partir de exemplos verificados nas áreas tropicais da América Latina, África e Ásia, sobre a ocorrência de um estágio anterior à agricultura, com plantios feitos no quintal das habitações. Para ali serem levadas as plantas coletadas na floresta, em uma crescente variedade de espécies usadas para diversos fins, resultando na necessidade de abrir clareiras específicas para cultivar perto das moradias, formando as primeiras roças de coivara, cujas evidências mais antigas alcançam 5.700 anos (mas deve alcançar maior antiguidade). O principal aspecto desse tipo de cultivo é a concentração espécies visando a uma produtividade maior em um mesmo espaço. O cultivo de palmeiras deve ter sido pioneiro em termos de concentração, em razão das múltiplas ofertas que as suas variadas espécies proporcionam: frutos e palmitos, bem como matérias-primas para a confecção de uma ampla gama de artefatos de uso cotidiano. As espécies mais comuns na agricultura de floresta tropical são divididas em dois grupos gerais: as tuberosas e as graníferas. Atualmente, a maior parte dessas plantas é considerada domesticada, ou seja, dependem dos humanos para sua reprodução e manejo e muitas delas estão freqüência presentes nas nossas mesas. Imaginamos que o processo entre as populações paleoíndias e mongolóides e a troca de informações que culminou na contínua agregação dessas espécies de plantas, de modo a configurar as roças tal como são conhecidas na atualidade, formando um consórcio de diversas plantas cultivadas ao mesmo tempo em clareiras no meio da floresta. Além das plantas em si, as áreas cultivadas funcionavam com verdadeiros atrativos para animais diversos, em virtude da concentração de alimentos. Isso ampliava a capacidade das populações agricultoras de obter comida, especialmente sob a forma de proteínas e lipídios essências para a sobrevivência. Além do consumo imediato de vegetais e animais, também existia a possibilidade de estocá-los, conservando-os por meio do moqueamento. Moquear consiste em defumar o animal até que ele esteja apto para ser guardado por vários meses. Os vegetais também podiam ser estocados sob a forma de farinha, bolos e massas fermentadas, tanto ao ar livre quanto em silos subterrâneos ou aquáticos. Essa capacidade de obter e conservar alimentos certamente resultou da contínua troca de informações entre as populações durante um período que deve perpassar os últimos 10 mil anos, constituindo tradições imemoráveis.

C-   As diferenciações sociais foi marcada por uma etapa importante da nossa história mais antiga.A invenção da cerâmica, que pode-se associar a crescente diversidade no interior das comunidades, mostrando o desenvolvimento das técnicas de transformação dos alimentos por meio de cozimento, fervura e torração. As vasilhas de cerâmicas ajudaram as populações pescadoras e coletoras do baixo rio Amazonas, no processamento de animais e vegetais. Nessa região da Amazônia estaria o local onde começou a aparecer o uso dessa tecnologia (caso não apareçam em outras regiões novas descobertas sensacionais como a da Taperinha, atualmente a cerâmica mais antiga do Hemisfério Ocidental). A utilização da cerâmica permitiu o desenvolvimento de algumas técnicas que favoreceram uma ampliação nas maneiras de transformar alimentos crus em pratos nutritivos e apetitosos. Assar, cozer e torrar parece às primeiras funções culinárias dos utensílios cerâmicos que, em poucos séculos, foram sendo disseminados ao longo da região amazônica a partir do baixo Amazonas, em vasilhas que passaram a ter formatos e decorações distintas. A cerâmica serviu também para a confecção de enfeites, a exemplo das tangas de barro de Marajó, como também de brinquedos, como bonecas Carajás e de objetos rituais, como vasilha tauva rukaia, usada apenas para rituais entre os Asurins do Xingu. O uso de vasilhas como urnas funerárias também é muito conhecido. Algumas eram confeccionadas e decoradas apenas para enterrar os mortos, como as famosas urnas marajoaras. Outras urnas funerárias tinham a função secundária de vasilhas feitas, em primeiro lugar, para cozinhar alimentos ou fermentar bebidas alcoólicas, como são o caso das cerâmicas utilitárias dos povos tupi-guaranis, sobretudo as vasilhas dos tipos yapepó e cambuchi. A confecção das vasilhas visava a vários fins, tanto para o cotidiano quanto para rituais e celebrações específicas. Em cada sociedade, como vimos, se utilizava a cerâmica de sua forma, segundo costume de cada grupo, usando-as para diversos fins. O manuseamento desse material era o que caracterizava a sociedade.

D-     A OCUPAÇÃO E DOS ASSENTAMENTOS HUMANOS NO BRASIL E NA AMÉRICA


O Brasil foi ocupado em diversos locais com dimensões e formas variadas, chamadas pelos arqueólogos de assentamentos. Muitos desses assentamentos eram a céu aberto.
Existiam também, os abrigos-sob-rochas, que serviam como moradias ou como espaços para rituais. No seu interior se realizava a fabricação de instrumentos e artefatos de pedras, madeira e outras atividades de trabalhos e de vida social.
Os assentamentos podiam ser fixos ou não, de acordo com a organização social. Os grupos que não possuíam um local fixo circulavam os territórios a espera de ofertas sazonais de certas espécies de plantas. A circulação de alguns grupos era determinada pelas relações sociais e políticas. As populações que dotassem esse modelo circulatório eram os caçadores-coletores.
A permanência definitiva em um local era determinada pela agricultura. Mas nem sempre a agricultura determinava uma única estratégia de vida.
Existia uma divisão dos assentamentos a céu aberto: aqueles constituídos por casas, os de tipos sambaqui e os aterros que poderiam adaptar-se a ambientes e climas específicos.
Os grandes assentamentos e densas populações indígenas não existiam apenas em beira da Amazonas, mas se proliferaram por outras regiões.  A organização social era bem rígida, em algumas casas as pessoas freqüentavam lugares específico, restrito segundo o seu sexo, a idade e a hierarquização social. Alguns povos realizavam seus cultivos em determinadas áreas, mas não deixavam de circular por outros territórios. Muitas vezes, os assentamentos foram posicionados em áreas estratégicas, por causa de recursos naturais disponíveis. O domínio de certos recursos poderia determinar o tamanho dos assentamentos e sua importância hierarquia em relação a outros sítios, em termos políticos e demográficos.
Assim como a evolução natural das coisas acontecem, não seria diferente neste caso. O processo de ocupação ganhou proporções bem elevadas. Na última década, alguns estudos têm proposto que a ocupação humana no litoral brasileiro se deu num processo de crescente aumento das hierarquias e  na geração de excedentes.

Milena Maria
Robevânia Pedrosa
Wellington Aquino
O SISTEMA MERCANTIL
(Economia política II)

                O Sistema Mercantil no seu inicio foi caracterizado pela produção de mercadoria com uma visão universal de troca, ou seja, deveriam ser produzidos produtos que satisfizessem as necessidades todos.
            Após uma evolução desse método, passaram a uma fase mais organizada. Usaram um intermediário. Tornando a troca mais simples e rápida. Passou a haver um câmbio indireto, através do uso do dinheiro.
            Com o avanço desse mercado e o crescimento da propriedade privada, o setor mercantil passou por um considerável progresso, principalmente dos senhores sobre a terra e também dos artesãos sobre os instrumentos de trabalho. Entretanto, estes meios de produção transformaram-se progressivamente em coisas corruptíveis, alargando a esfera da troca mercantil pelo suporte do dinheiro.
                Até certo ponto da economia mercantil existia uma relação que não sofrera influencia do capitalismo era algo puramente externo com o setor tributário. Com a consolidação do dinheiro como produto de troca houve certa mudança na economia mercantil, pois se intensificou a dependência entre a população que a cada dia precisava mais desse produto de intercâmbio. Essa supervalorização do dinheiro influenciou todas as áreas do mercado.
            Houve no processo mercantil dois tipos de organismo agrícola: o primeiro formado por pequenas unidades produtivas familiares ou comunitárias. O segundo constituído por explorações de grande escala. Também em todos os outros âmbitos houve sua forma de produção mercantil, como por exemplo no artesanato, na manufatura etc.
            O desenvolvimento da produção mercantil consumiu o poder do senhoril e desta forma o sistema tributário perdeu sua força dando inicio a base do capitalismo.
            Com a queda, de certa forma, do senhoril, abrem-se portas para a formação de grandes grupos populacionais, ou seja, o aparecimento de países e cidades que prosperam e expandem. Inicio do desenvolvimento artesanal e comercial.
            Depois de estabelecida as normas para o novo mercado é instituída também a dependência a esta nova tendência de troca. Os camponeses, artesãos caem na amarração do modo econômico mercantil.
            É desse princípio que dar-se inicio a relação trabalhador-patrão. Porém ainda não era um mercado de trabalho como conhecemos hoje, era tudo segundo a necessidade, pois existia ainda um recrutamento forçado e muita exploração da mão-de-obra. Mas é daí que podemos enxergar o modo de produção que podemos ver hoje.
            É o tempo da venda da força de trabalho. Mas ainda não havia uma camada de assalariados. Não era sentida a necessidade de uma quantidade exagerada de empregados. Tudo era muito limitado em relação a produção, não tínhamos esse mercado tão competitivo que vemos nos dias atuais.
            Com o desenvolvimento das atividades mercantis em todos os seus âmbitos ficou impossível não se adequar as novas tendências exigidas pelo mercado. Passa a existir um pensamento mais exigente com relação a lucratividade. O intercambio passou a ser fator decisivo e necessário.
            É o momento da expansão do comércio, do credito, do rendimento do capital e da intensificação do mercado.  E tudo isso influenciou direta e indiretamente na política econômica dos Estados. Todos esses fatos alteraram a composição das classes dominantes, pois fez surgir um modelo, onde só os capacitados se desenvolverão.
            O alargamento da classe burguesa estimulava a sociedade a acolher favoravelmente as ideias do comércio livre e do lucro e a ultrapassar os escrúpulos das instituições religiosas acerca das transações comerciais. A propriedade individual, que amarrava os trabalhadores independentes às condições exteriores ao seu trabalho, é substituída pelas características capitalistas.
            O sistema econômico mercantil após uma considerável evolução antecipa a chegada do capitalismo estendendo-se através do seu próprio desenvolvimento e se estabelecendo em muitas sociedades.
            Sendo assim foi possível observarmos a grande importância do Sistema Mercantil para toda e qualquer sociedade dentro do setor produtivo, comercial e de desenvolvimento da nação e do estado.
            A fragilidade nessa sociedade acarretará em desastre total, pois esse é o sistema do poder, do crescimento individual e competitivo. Repleto de precisão e de incertezas.

Resumo: Wellington Aquino