terça-feira, 25 de setembro de 2012

Artigo Cientifico - A INDUSTRIALIZAÇÃO AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO


A INDUSTRIALIZAÇÃO AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO

Wellington José de Aquino[1]

Resumo
Este artigo trata de uma analise do processo de industrialização do açúcar que foi fator primordial na formação econômica da nação brasileira. No Brasil, a economia colonial estruturou-se de forma a atender ao objetivo de fornecer gêneros tropicais ao comércio europeu, com base em três elementos essenciais: a grande propriedade, monocultura e trabalho escravo. Os elementos que ajudaram no desenvolvimento desse modo de produção foram os seguintes: os engenhos, os senhores de engenho e os donatários das capitanias hereditárias, que eram elos entre a colônia e a coroa portuguesa. Analisamos a importância do índio e do negro que tiveram papeis importantíssimo na construção desse sistema econômico. Avaliamos a expansão da cana-de-açúcar ao longo da história do Brasil e que com o crescimento da produção da cana-de-açúcar, o Brasil precisava de grandes extensões de terra para seu cultivo. E que para manter o controle dessas terras foram criadas as capitanias. Forma encontrada por Portugal para garantir seu domínio. Veremos o apogeu e o declínio dessa economia que perdurou por três séculos. E como embasamento teórico usamos as obras de Caio Prado júnior, Celso Furtado, Christine Dabat e Schwartz. Podemos observar que a cana de açúcar deu sustentação, suporte ao processo de colonização, tendo sido a razão de sua prosperidade nos dois primeiros séculos. A cultura da cana teve como função principal a produção lucrativa da Colônia para o mercado externo, consequentemente mantendo a Metropole portugesa em um nível econômico bastante cômodo. Depois haverá alguns acontecimentos nesses sistema que trará consigo o declínio.

Palavras Chaves: Expansão canavieira. Escravidão. Modo de produção.





1.1  A cana-de-açúcar no Brasil: uma breve introdução

Para darmos inicio a essa temática, vamos passear pelo cenário que envolvia a Europa, neste período onde a conquista de novas terras era sinônimo de poder, de sobreposição de uma nação sobre a outra. Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra disputavam o poder e o domínio do cenário econômico-comercial europeu daquela época. As índias era a fonte desse poder e direcionados a ela todos se voltavam.

Atrás dos portugueses lançam-se os espanhóis. Escolheram outra rota: pelo Ocidente, ao invés do Oriente. Descobrirão a América, seguidos de perto pelos portugueses que também toparão com o novo continente. Virão depois dos países peninsulares, os franceses, ingleses, holandeses, até dinamarqueses e suecos. A grande navegação oceânica estava aberta, e todos procuravam tirar partido dela. Só ficarão atrás aqueles que dominavam o antigo sistema comercial terrestre ou mediterrâneo, e cujas rotas iam passando para o segundo plano: mal situados geograficamente com relação às novas rotas, e presos a um passado que ainda pesava sobre eles, serão os retardatários da nova ordem. A Alemanha e a Itália passarão para um plano secundário a par dos novos astros que se levantavam no horizonte: os países ibéricos, a Inglaterra, a França, a Holanda.[2]

O Brasil nesta história assume o papel destaque na formação econômica da nação portuguesa, que lutava pela posição de superpotência no século das grandes expedições marítimas.  
A expansão marítima dos países da Europa, depois do séc. XV, expansão de que a descoberta e colonização da América constituem o capítulo que particularmente nos interessa aqui, se origina de simples empresas comerciais levadas a efeito pelos navegadores daqueles países. Deriva do desenvolvimento do comércio continental europeu que até o séc. XIV é quase unicamente terrestre e limitado, por via marítima...[3]

Como podemos observar, firmados nas palavras de Caio Prado Júnior, o Brasil era produto, empresa comercial, desenvolvimento econômico de Portugal que queria firma seu poder. Pois como podemos notar todo o cenário da “descoberta” é nada mais que uma narração dos fatos proveniente do comércio europeu, fato que podemos confirmar nas palavras de  Prado quando o mesmo diz que:

(...) todos os grandes acontecimentos desta era a que se convencionou com razão chamar de "descobrimentos", articulam-se num conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio europeu. Tudo que se passa são incidentes da imensa empresa comercial a que se dedicam os países da Europa a partir do séc. XV e que lhes alargará o horizonte pelo Oceano afora.[4]


Mesmo depois do “descobrimento do Brasil, Portugal não mostrou muito interesse em explorar a sua colônia. Os portugueses não se sentiam estimulados em ocupar e cultivar as riquezas que a Terra de Santa Cruz lhe oferecia.
Se por um lado os lusitanos não investiam na colônia, os países europeus cobiçavam muito essa fonte de matéria-prima abundante. Tendo em vista esse interesse por parte dos europeus, Portugal passa a se preocupar em manter o domínio sobre o Brasil. Sem esquecer que o investimento inicial por parte do governo português na exploração das terras brasileiras teria que retornar e era preciso que houvesse de forma plenamente justificado pela obtenção de lucros e no menor espaço de tempo possível. Esses e outros fatores foram determinantes para que os lusitanos despertassem para apossar-se das especiarias que aqui existiam.  Foi então que Portugal encontrou uma forma mais econômica para colonizar o Brasil, a lavoura canavieira, que se tornava na época um comércio rendoso.
O primeiro grande produto na atividade econômica, foi a cana de açúcar, ou também conhecido como, mundo do açúcar. Desenvolvido a partir do latifúndio monocultor escravocrata. O açúcar era uma, especiaria bastante apreciada na Europa, veio como uma opção viável, especialmente devido à experiência dos portugueses nas ilhas do Atlântico, que permitiu obter completo domínio das principais rotas de escoamento da produção.
Acerca disto podemos conferir em furtado:

Os portugueses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a produção, em escala relativamente grande, nas ilhas do Atlântico, de uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu: o açúcar. Essa experiência resultou ser de enorme importância, pois, demais de permitir a solução dos problemas técnicos relacionados com a produção do açúcar, fomentou o desenvolvimento em Portugal da indústria de equipamentos para os engenhos açucareiros.[5]

Após o descobrimento, e com a extensão e disponibilidade das terras existentes foi fundamental na escolha do modelo de colonização a ser adotado. A cana-de-açúcar foi introduzido no, nordeste brasileiro na capitania de Pernambuco. A produção de açúcar no Brasil foi o principal meio econômico dos períodos iniciais da colônia e que organizou a vida social dos municípios canavieiros da região Nordeste, particularmente falando na região da Zona da Mata de Pernambuco, que era a principal região envolvida com a atividade canavieira, juntamente com a Bahia. O investimento inicial contava, com o apoio de comerciantes europeus, já que estes não apenas controlava o comércio, como também monopolizavam a refinação de todo o açúcar consumido na Europa.
A agricultura teve como principal objetivo o cultivo de um produto que tivesse um grande valor comercial e que trouxesse lucro para a metrópole.
O plantio de cana-de-açúcar serviu antes de qualquer coisa, como dispositivo encontrado pela metrópole, atendendo assim a dois objetivos básicos: em primeiro lugar era de complementar a economia da metrópole, auxiliando-a no processo de acumulação de capitais e investir na descoberta de novos produtos que beneficie a coroa portuguesa. Esta cultura era extremamente “individualista”, dominante e que não tolerava a introdução de outro tipo de cultivo em seus territórios. A indústria açucareira brasileira constituiu uma extraordinária fonte de riqueza para a metrópole portuguesa, tornando-se a maior produtora mundial durante o século XVI.
Os portugueses se beneficiaram na produção da cana-de-açúcar tendo em vista a proximidade entre os dois países. Sem esquecer-se da grandiosa extensão de terra e do excelente solo e o clima, que proporcionava uma produção de alta qualidade. “São sobretudo estas circunstâncias que determinarão o tipo de exploração agrária adotada no Brasil: a grande propriedade.”[6] Isso pode ser comprovado com a estatística de que Brasil se tornara o maior produtor mundial de açúcar, favorecendo a coroa portuguesa, que ajuntava os lucros provenientes do mercado Europeu.
O cultivo da cana-de-açúcar era um comércio extremamente vantajoso, que foi fonte de renda da metrópole portuguesa por muito tempo. Para que houvesse uma continuidade do poder político e econômico por parte dos lusitanos era necessário que tivesse uma organização dos setores produtivos e o fator determinante, desde o primeiro momento em que a cultura de cana-de-açúcar se instalou na colônia, foi a posse da terra e, principalmente, de escravos para viabilizar sua exploração. Ter a posse da terra e condições de explorá-la significava à consolidação do poder, de modo que o investimento em capital fixo, ou seja, em escravos e equipamentos, se reverteria automaticamente em significativos rendimentos financeiros, autoridade e facilidades. Foi nesse período que os senhores de engenho criaram o cenários de coronelismo, tornando-se as principais autoridades vigentes nas terras em que eles ocupavam.
Os europeus ao ocuparem as terras brasileiras pretendiam exercer uma produção de açúcar em grande escala para atender a demanda do mercado europeu. O modo de produção circulava em torno dos engenhos, que eram responsáveis pela fase final do produto. A abundante terra doada para o plantio da cana garantia ao engenho o aumento da produção e maiores lucros.
Em meados do século XVII, a economia açucareira adentraria em declínio. Este fato fez com que Portugal perdesse sua hegemonia como potência mundial. A decadência da indústria açucareira teve como fator primordial a disputa acirrada entre os diversos países europeus pela hegemonia econômica mundial, pois como vimos, desde o início da colonização brasileiro, o país se tornou alvo direto de disputas entre as diversas potencias europeias, onde os precursores foram os franceses, tendo em vista as riquezas existentes no Brasil.

1.2 A economia açucareira

“Cultiva-se cana como se extrai ouro” [7] é fundamentado nas palavras de Caio Prado Jr que decorreremos o estudo da indústria economia açucareira no Brasil colônia, mostrando já de inicio o valor atribuído a esse produto agrícola.
A economia brasileira, no período colonial, é voltada exclusivamente para manter a metrópole, ou seja, suprir as necessidades em grande escala, fornecendo meios pelos quais os dominadores pudessem manter seu patamar econômico em alto nível.
Não se pensou em criar uma economia interna, nacional voltada para um desenvolvimento da colônia, como nos apresenta Caio Prado Jr ao afirmar que “...a colonização não se orientara no sentido de construir uma base econômica sólida e organizada, isto é, a exploração racional e coerente dos recursos do território para satisfação das necessidades materiais da população que nela habita.” [8], Ou seja, o Brasil era carro-chefe do desenvolvimento Português.
Para Caio Prado, “a nossa economia se subordina inteiramente a este fim, isto é, se organizará e funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros.”[9]
O modo de produção se desenvolverá pela agricultura monocultural, trabalhada por escravos e com o desenvolvimento desse sistema será pela mão-de-obra especializada. Como podemos confirmar em Dabat, quando a mesma enfoca que, “uma das características do ciclo agrícola da cana-de-açúcar é a demanda intensa e sazonal de mão-de-obra, sobretudo na época da safra, em que o tempo constitui um elemento importante, tanto no corte, quanto no processamento das canas.” [10]
Para suprir as necessidades da Metrópole que almejava a supremacia econômica criou-se um sistema organizado de produtividade onde a exploração das fazendas, engenhos e da grande densidade demográfica tornou-se consequência correspondente, a essa expansão do lucro. Onde Caio Prado explana dizendo: “a grande exploração agrária – o engenho, a fazenda -, é conseqüência natural e necessária de tal conjunto; resulta de todas aquelas circunstância que ocorrem para ocupação e aproveitamento deste território que havia de ser chamado Brasil.”[11] 
Tendo em vista o excelente solo brasileiro, e sua dimensão que proporciona um vasto leque de possibilidades, ainda torna mais estimulante a produção da cana. Partindo desse pressuposto eles têm em mãos um grande cenário esperando pela produtividade.
Percebido o mundo de território a sua frente era preciso agora sistematizar o trabalho, começando pela mão-de-obra, que nesse período vai ser guiada pelo sistema escravocrata. Pois Portugal não dispunha de trabalhadores suficientes para tamanha demanda de serviço. E pela importação de aparelhamento necessário para a desenvoltura das lavouras, de forma a atender a  demanda dos consumidores europeus.
A escassez de mão-de-obra foi a maior dificuldade encontrada no período da ocupação inicial e no cultivo da cana. As primeiras tentativas de mão-de-obra escrava foram com os índios, algo que não vingou devido a resistência, falta de habilidade dos indígenas e a quantidade de trabalho existente.
Partindo dessa dificuldade em introduzir o índio, foi investido no mercado de escravo africano, que tornou-se mais viável para as necessidades do momento. Para que a indústria açucareira funcionasse a escravidão tornou-se algo fundamental, seria como parte integrante da desenvoltura da produção do açúcar. Sem falar que iria suprir a muitas necessidades e admitiria a firmação de atividades altamente vantajosas de compra e venda de escravos na Europa. O escravo tornou-se parte importantíssima no processo de acumulação e produção de capital. E sua manutenção seria algo insignificante em relação ao lucro que eles proporcionavam.
Havia uma organização bem definida como, por exemplo, na parte de subsistência da comunidade, pois era preciso que tivessem subsídios para os colonos e para os trabalhadores. Foi feita uma divisão do trabalho, como podemos conferir em Furtado, “parte da força de trabalho escravo se dedicava a produzir alimentos para o conjunto da população, e os demais se ocupavam nas obras de instalação e, subseqüentemente, nas tarefas agrícolas e industriais do engenho.”[12]  Era uma economia bem sistematizada, a pesar de todas as limitações iniciais.
Após a superação desse problema de mão-de-obra era preciso agora se preocupar com a organização da produção de trabalho e desenvolvimento da economia. Destacamos também a mão-de-obra escrava que no decorrer do processo de escravidão houve uma inversão de negociação com os africanos, ou seja, aqueles que antes importavam agora estavam se beneficiando deste mercado.
A inversão feita numa economia exportadora-escravista é fenômeno inteiramente diverso. Parte dela transforma-se em pagamentos feitos no exterior: é a importação de mão-de-obra, de equipamentos e materiais de construção; a parte maior, sem embargo, tem como origem a utilização mesma da força de trabalho escravo.[13]

O escravo tornou-se algo extremamente necessário, algo muito lucrativo, como furtado destaca, os africanos tornaram-se um bem durável de consumo. E seu serviço era o pagamento do investimento feito no ato da compra, pois o que o escravo trazia de retorno ultrapassava a despesa na aquisição. 
 Nesta economia açucareira destaca-se também outros modos de produção, como o Tabaco, importante atividade que vai suprir o mundo do açúcar de escravos utilizado no tráfico negreiro e a pecuária que é de extrema importância, pois é responsável pelo fornecimento do alimento, a carne e o leite. A pecuária também era usada no transporte e força motriz para o funcionamento da moenda que cai transforma a cana em garapa. É uma atividade econômica do interior, enquanto o açúcar e uma atividade do exterior. Foi por meio da pecuária que houve a interiorização da colonização, pois favoreceu o mercado interno.

1.3 O engenho na produção açucareira

         Nesse mundo do açúcar vale destacar a figura dos holandeses, que foram responsáveis pelo financiamento para montagem dos engenhos coloniais e também responsáveis pelo transporte do açúcar para Europa, refino desse açúcar e pela distribuição desse produto por toda Europa.
Semelhante as grandes metrópoles para as indústrias, assim eram os engenhos para a produção da cana-de-açúcar. Os engenhos eram verdadeiras usinas no cultivo dessa especiaria. Nele se desenvolvia todo o processo de produção do açúcar, no seu plantio e na preparação para a distribuição final.
Mas para que a produção obtivesse sucesso ainda contamos com uma figura primordial que se estenderá por longo tempo, que é a pessoa do negro escravo que é elemento essencial, como destaca Schwartz:

O elemento crucial na manutenção do açúcar foram os escravos. Suas condições de vida e trabalho são fundamentais para explicar a natureza da sociedade que se originou da economia açucareira. As relações dos cativos com os engenhos e com os meios e processos de produção são de interesse primordial.[14]  

Mas não podemos deixar de destacar que a pesar de toda importância dos escravos, nada melhorou em relação as condições de vida. Eles viviam em condições desumanas. Eram tratados da pior maneira possível. Trabalhavam de sol a sol, recebendo apenas trapos que não podemos nem chamar de roupas e uma alimentação de péssima qualidade, o resto que sobrava da mesa dos coronéis, era algo semelhante a lavagem.  Muitas vezes os animais eram tratados melhor do que os africanos. Eles passavam as noites nas senzalas, acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, açoite e muitos não resistiam e morriam. Não podiam cultuar sés deuses, tinha por obrigação de venerar os santos dos senhores. Foi nesse contexto que os escravos utilizaram os santos católicos para adorar os seus orixás. Por isso que alguns santos romanos são usados como entidades africanas.  
Os engenhos eram compostos por uma casa grande que era onde vivia o senhor do engenho, a autoridade maior da região, e a sua família, a casa dos trabalhadores livres, a casa dos escravos que eram conhecidas como "senzala", e a casa do engenho onde se encontravam os aparelhos destinados ou fabricação do açúcar e tinha um grande território destinado ao plantio da cana.
O trabalho nos engenhos colocava frente a frente situações diferenciado de serviços, pois estavam ali, os escravos índios, os escravos africanos e os trabalhadores livres. Isso era algo muito difícil de lidar, pois havia um afronta de injustiça diante desses três setores trabalhistas. Tal situação ocasionou a tentativa de fuga de muitos escravos dos engenhos.


Os engenhos eram verdadeiras indústrias e, diga-se de passagem, bem organizada. Onde cada trabalhador tinha sua função especifica e responsabilidade sobre tal função. A qualidade da produção do açúcar dependia da competência desses profissionais. E se caso não fossem eficientes em seu ofício, caberia a eles a ira dos senhores do engenho.
Neste processo de produtividade os escravos começaram, com o passar dos tempos, a se aperfeiçoar no manuseio dos equipamentos e na desenvoltura de algumas funções especificas. Isso foi algo muito rentável para os coronéis, pois uma vez que os negros começaram a manusear os equipamentos próprios dos especialistas em tal função, consequentemente as despesas com essa mão-de-obra especializada acabaria. Ou seja, mais lucro para os senhores de engenho. 
Os lusitanos viam nos engenhos uma unidade econômica básica significativa, pois foi ponto de partida para o desenvolvimento da indústria açucareira. Os portugueses viram tanto que estava dando certo esse trabalho realizado nos engenhos que posteriormente, passaram a determinar também uma parte para a produção de lavouras das terras que não eram cultivadas na casa grande.
Foi tamanha a organização, o desenvolvimento desse setor de produção que houve uma estruturação dessas pequenas comunidades que futuramente viriam a ser as Genesis de grandes cidade. Os engenhos tornaram-se centros da vida social, modelos de organização e poderil dos senhores.
Sem deixar passar que dentro dessas fazendas existiam pequenas comunidades de agricultores e pequenos produtores da cana de açúcar, que se utilizavam dos engenhos para moerem suas canas. Desta forma podemos dizer que era um ciclo de produção.
Mesmo enquanto a cana era a base da economia colonial, certas atividades secundárias complementavam as necessidades da população. Ampliou-se, neste período outras especiarias como, a fabricação da aguardente, a rapadura, o mel de furo e outras iguarias proveniente desses pequenos setores. Nada que pudesse ser exportado, mas que girava internamente, nessas regiões.  Fora isso, havia o cultivo de alguns produtos agrícolas, como a mandioca, base da alimentação da população colonial, principalmente dos escravos.
A produção do açúcar era feita com uma grande quantidade de mão de obra. Havia uma cooperação dos vários setores na produção da cana. Setores agrícolas, pecuária e tantos outros. Os bois faziam funcionar a moenda e puxavam os carros com lenha para a casa das caldeiras. A cana era cortada pelos escravos e colocavam-na nos carros dos bois que a levavam para a moenda.
Os engenhos além de fonte primária de produção, ganhou espaço também na política, pois os coronéis, senhores de engenho, como queiram taxar, eram de grande importância para as políticas dos pequenos municípios. Foi neste momento que surgiu a expressão homens bons. A política era totalmente opressora, os o poder girava em torno dos coronéis que eram, muitos deles os lideres das câmaras municipais e ditavam as regras na região. Eram conhecidos como a lei e a ordem, pois eles diziam o que era certo ou errado. Coma  davam todos os âmbitos sociais.
Se inicialmente, o engenho era um pequeno auxilio no modo de produção com o tempo ele se transformou em um sistema fechado e complexo, quase auto-suficiente. Era um verdadeiro lugar de produção.
Para que os engenhos funcionassem, além da mão-de-obra escrava, dos índios, e da força de trabalho livre era preciso fazer com que essa indústria laborasse, ou seja, era preciso fontes de energia pra fazer mover esse engenho. A força utilizada foi a hidráulica, através da roda d’água, simultânea à força humana e à tração animal.
Com a necessidade de água para mover a produção, os engenhos eram construídos na maioria das vezes em lugares próximos aos rios, facilitando dessa forma o funcionamento dos equipamentos e no transporte.  
Não houve, mudanças significativas no processo de manufatura do açúcar durante os primeiros três séculos. Foi um processo de continuidade. Mantiveram-se a mesma sintonia dos primeiros séculos, claro que com aperfeiçoamentos e adaptações a realidade de cada momento.
         Mas ao falarmos em moradia, engenho, vida social é quase impensável não falar também na vida religiosa que era algo comum a época.
            A Igreja cabia o papel de formação dos aspectos mais nobres da colônia. Quase tudo que podia ser pensado em relação a promoção da cultura, da educação, catequese, assistência social e ao conhecimento de Deus era preocupação da Igreja. Os padres educavam nas escolas dos engenhos e que vale salientar que eram os garotos que recebiam ensinamento. As meninas ficavam em casa ajudando a mãe. As celebrações, devoções e crenças eram feita na capela, conhecida como coração do engenho, alem dos outros edifícios oficiais, como a casa-grande.
         Não podemos deixar de mencionar que  a igreja tinha lucro e vantagens nesse contexto social e tinha uma grande autoridade, ficando um pouco abaixo do poder dos coronéis, mas com grande influencia.  Era justamente em torno desses dois centros que funcionava os engenhos. A casa-grande e a Capela.
Por fim podemos dizer que os engenhos foram o ponto de partida para o desenvolvimento das vilas, sítios, fazendas e das cidades.  Pois como podemos observar foi nesse momento do auge da produção açucareira que inúmeras obras de foram feitas, como pontes, canais, bondes, estradas de ferro, telefone e luz elétrica. 
Para que houvesse um aumento econômico mais rápido, os portugueses dividiram o território brasileiro em capitanias que contribuiu na evolução as duas áreas mais produtivas da especiaria, no caso São Vicente e Pernambuco, que tiveram um crescimento populacional  significativo.

1.4  Índios e o Negro: a força da produção açucareira 

Como foi visto no decorres do texto a industrialização açucareira não teria a mesmo êxito se não fossem essas figuras fundamentais na produção dessa especiaria que ganhou todo o continente europeu, e vale destacar esses personagens como força motriz do desenvolvimento da produção da cana-de-açúcar e na economia brasileira.
            De inicio destacaremos o índio que segundo caio prado Júnior. “Além da resistência que ofereceu ao trabalho, o índio se mostrou mau trabalhador, de pouca resistência física e eficiência mínima. Nunca teria sido capaz de dar conta de uma tarefa colonizadora levada em grande escala.”[15] No entanto, os índios tiveram uma importância transversal a essa da produção em alta escala, mas desempenhavam papel também respeitável, na subsistência da comunidade. Foram decisivos em outros setores, como na pecuária devido a desenvoltura com os animais e com o lidar com o clima e com o solo.
            Mas para os portugueses isso não servia para os fins específicos de grande produção e lucro almejados por eles. Aqui entra a figura do africano.  

Aqui será o negro africano que resolverá o problema do trabalho. Os portugueses estavam bem preparados para a substituição; já de longa data, desde meados do séc. XV, traficavam com pretos escravos adquiridos nas costas da África e introduzidos no Reino europeu onde eram empregados em várias ocupações; serviços domésticos, trabalhos urbanos pesados, e mesmo na agricultura.[16]

O negro vai ganhar espaço nesse modo de produção de forma notável, partindo da troca que houve dos índios pelos negros. Em todas as regiões teremos os negros como imagem impressa no trabalho forçado para enriquecimento da coroa português. 
O processo de substituição do índio pelo negro prolongar-se-á até o fim da era colonial. Far-se-á rapidamente em algumas regiões: Pernambuco, Bahia. Noutras será muito lento, e mesmo imperceptível em certas zonas mais pobres, como no Extremo-Norte (Amazônia), e até o séc. XIX em São Paulo.[17]

Essa substituição trouxe, para os portugueses, uma preocupação a menos. Pois todas as dificuldades com os índios eram reparadas com o excelente trabalho desempenhado pelo negro. Claro que não podemos deixar de lembrar-se das tentativas de fuga e as mortes dos africanos, que atormentaram os colonizadores e aos senhores de engenho, mas que tinham um bom retorno financeiro.  
            Os negros, não eram considerados gente, não tinha dignidade, valiam menos que qualquer objeto industrial, animal e etc. Até mesmo pela igreja era considerado sem alma. Eram máquinas, animais de produção e nada mais. Deste pressuposto podemos imaginar a situação desses infelizes. E essa situação perdurou por muitos séculos. “Mas seja com escravos africanos, escravos ou semi-escravos indígenas, a organização das grandes propriedades açucareiras da colônia foi sempre, desde o início, mais ou menos a mesma.” [18]

1.5 As Capitanias Hereditárias


Por volta de 1530, D. João III dividiu o território brasileiro em catorze grandes pedaços, entregues a homens de confiança, mas com o intuito de prevenir e organizar sua colônia, evitando que invasores tomassem sua fonte de renda. Esse sistema de administração territorial não teve muito êxito, somente duas dessas capitanias se sobressaíram. No caso a da Bahia e de Pernambuco, em virtude do cultivo e do desenvolvimento da cana. As demais tenderam ao fracasso.  Em Pernambuco essa economia teve o melhor desempenho, foi a mais prospera, durante certo tempo. Na Bahia de todos os santos se desenvolveu o maior centro produtor de cana-de-açúcar da época.
Esses dois centros urbanos que se sobressaíram em áreas especializadas na cultura da cana e na produção do açúcar foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos. A Capitania de Pernambuco deu certo, pois estava veiculada com o mercado externo. Essa rápida expansão fez com que o Brasil se transformasse no maior exportador mundial de açúcar, no final do século XVI até meados de XVII.
No entanto, as capitanias hereditárias passavam por problema de isolamento, tanto entre elas, quanto em relação à administração central portuguesa. Tal situação de Isolamento fez com que o rei de Portugal pensasse em uma solução, pois isto estava dificultando a defesa das Capitanias contra os indígenas. Para que o sistema de colonização e povoamento da terra não fosse atrapalhado o Estado português criou o Governo-geral. Que seria uma centralização político-administrativa que Portugal realizou na colônia. Que teve como primeiro governador, Tomé de Souza. Ele vai fundar a primeira cidade do Brasil, que é a cidade de Salvador/Bahia. O 2º Governador foi Duarte da Costa e o 3º foi Mem de Sá, que durante o seu governo aconteceu a expulsão dos franceses e fundação da segunda cidade, que foi São Sebastião, no Rio de Janeiro.
Com este novo modo de produção mais sistemático houve o desenvolvimento organizacional, a expansão canavieira e a firmação administrativa dessa economia. Foi nesse momento que a sociedade começa a se organizar e tomar as formas que até hoje podemos notar. Como por exemplo, foi nesse contexto que surgiu além do governo-geral, também, as Câmaras Municipais, que reflete o chamado poder local. Esse lugar era usado para reunir os grandes proprietários de terra tomavam as principais decisões políticas. Aumento de salário, aumento ou não dos impostos. Isso nos parece familiar com a realidade atual.
Abriram-se as porta para o crescimento em grande escala. Podemos observar na afirmação de Furtado quando ele destaca que “os magníficos resultados financeiros da colonização agrícola do Brasil abriram perspectivas atraentes à utilização econômica das novas terras.” [19]  
Depois de 1530 o açúcar se espalhou por todo o litoral brasileiro, devido as excelentes condições de solo e clima, que favoreceu esse desenvolvimento. Desta forma tem-se inicio o processo de povoação, pois com o crescimento em grande extensão de terra, torna-se necessário um maior número de pessoas pra manter as terras, através da monocultura da cana-de-açúcar, portugueses iniciaram o povoamento da região.
Mas vale lembrar, que esse sistema não prevaleceu, há não ser São Vicente e Pernambuco, que tinha seus donatários morando aqui, esse foi um fator primordial para o desenvolvimento dessas duas capitanias. E os motivos para que o sistema não se firme foi a grande extensão territorial para administrar, a falta de recursos econômicos, os constantes ataques indígenas e a má administração por parte dos donatários. Os donatários que arriscaram vir para o Brasil enfrentaram grandes dificuldades.
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais. As Capitanias Hereditárias tiveram vida até o ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal.

1.6 A ocupação holandesa

         Conhecendo as riquezas existentes no Brasil os holandeses tentaram ocupar o território da Bahia sem muito sucesso, no entanto, tempos depois invadiram Pernambuco onde conseguiram com êxito sua ocupação e dominaram com mão firme o litoral brasileiro.
            Como bem sabemos, desde a ocupação colonial do Brasil, os holandeses tiveram participação ativa. Primeiro com o financiamento dos engenhos e de forma mais significativa, sendo o articulador dos lusitanos e o mercado consumidor do açúcar. Isto proporcionou aos intermediários holandeses um lucro expressivo com o nosso açúcar, onde boa parte do que era arrecadado com o ouro branco, era destinado aos burgueses da Holanda.
            No decorrer dessa frutuosa fonte de renda, houveram momentos de baixa na renda e um dos fatores que ocasionou isso foi a junção de Portugal e Espanha, que tinha como centro do poder do rei espanhol e que dominou o Brasil por aproximadamente 60 anos. Outro ponto importante a ser mencionado que teve ligação direta com essa queda no capital, foi o domínio espanhol sobre os países baixos, que tinha no seu grupo a Holanda. Este fato provocou uma grande guerra entre esses dois países.
            Este fato provocou uma disputa direta entre estes dois países. A Espanha passou a dificultar a vida dos holandeses no comércio, que teve como conseqüência uma baixa no capital da burguesia holandesa. Consequentemente, a Holanda investiu no nordeste brasileiro para tentar suprir suas necessidades e foram fundo na produção açucareira. Os holandeses conquistaram boa parte do litoral, não sem resistência, que tinha como cabeça o comandante da capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque.
Já os senhores de engenho não tiveram a mesma coragem e fugiram da luta. Eles queriam lucra, não lutar contra os holandeses.
Somente em 1640, Portugal conseguiu recuperar sua independência da Espanha. Portugal decidiu apoiar as lutas que estavam sendo travadas no nordeste brasileiro para colocarem os holandeses do território brasileiro. Nesta luta contra o domínio da Holanda uniram-se escravos, senhores de engenho e os índios. E essa união trouxe para o Brasil a vitoria, ou seja, a expulsão dos holandeses.
Depois que forma expulsos os holandeses começaram a investir na produção do açúcar nas Antilhas, só com uma diferença, eles possuíam muito mais capital e técnicas  aperfeiçoadas. Passando a dominar o mercado. Com isso o açúcar brasileiro começou a enfrentar crises e caminhar para um declínio. Iremos observar agora decadência ocorrida nesse modo de produção que rendeu um grande lucro aos cofres português por cerca de três séculos.     

1.7 A crise do açúcar e seu declínio

O declínio se deu devido a alguns fatores como, no entanto, salientaremos o desejo dos holandeses em dominarem a técnica do cultivo da cana, que lhes possibilitariam conquistarem o mercado internacional. Tanto é que quando eles chegaram em terras brasileiras.
Com o passar dos tempos o sistema social e econômico implantado no Brasil, nos tempos da colônia, passou por transformações, ocorridas com o aceleramento populacional a partir do desenvolvimento nos diversos setores.
Vale salientar, no entanto, que não foi apenas por questões técnicas que o Brasil- colônia perdeu o monopólio no fornecimento de açúcar para a Europa, isto seria apenas uma das causas, ou agravante. Mas são vários os fatores conexos entre si que possibilitaram a retirada desse privilégio à nação brasileira.
A crise da indústria açucareira teve iniciou a partir do momento em que Portugal passou para o domínio espanhol, o que hostilizou o império Português com a Holanda, que ocasionou na invasão Holandesa de 1630 a 1654.
Mesmo com os cofres lusitano crescendo sem medida, Portugal necessitava investir alto para a instalação da empresa açucareira no Brasil. Com isso eles foram buscar apoio na Europa, pois sabiam que não tinham todos os recursos necessários para a implantação. Sendo assim, os portugueses se uniram com os holandeses. Em troca os holandeses seriam os responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar na Europa.
Depois de sua fixação em terras brasileiras os holandeses viram o volumoso resultado que a colônia de Portugal rendia, tomaram o nordeste brasileiro. Com a ocupação holandesa, a exportação de açúcar teve um considerável crescimento. Eles estimulavam a imigração de europeus com qualidades para serem senhores de engenho e agricultores em Pernambuco.
Com o domínio do nordeste, os neerlandeses passaram a dominar todas as fases da produção do açúcar, do plantio da cana-de-açúcar ao refino e distribuição. Como também o controle do mercado de escravos africanos e passaram a investir na região das Antilhas. Tendo eles controle sobre o transporte dos produtos, pelo acervo tecnológico fluvial, sobre a mão-de-obra africana, por serem eles traficantes de escravos e investindo, o produto teve uma despesa menor e em contra partida os lucros duplicaram.
Os holandeses absorveram e retiveram tudo aquilo que puderam de Portugal, foi o período para os lusitanos de grandes perdas financeiras e que ainda deixar marcas com a saída dos holandeses, pois mesmo depois que eles foram expulsos a economia brasileira não era mais a mesmo. Sem falar nos danos ao patrimônio cultural do Brasil.
Com a invasão holandesa que de inicio trouxe sofisticação, ou melhor, o comércio ganha novas rotas e se desenvolveu a tal ponto que alavanca a economia. Daí por diante implantaram os seus domínios nas redondezas próximas ao porto, buscando dessa forma ganha tempo e comodidade no transporte dos produtos. Isso mostra um domínio, digamos assim, de como se beneficiar das possibilidades encontradas no Recife.
Após a sua demarcação nos territórios nordestinos, os holandeses passaram a se aperfeiçoar nas técnicas da cultura do açúcar o que vai ser muito útil após a expulsão e instalação nas Antilhas. Serão concorrentes diretos na ampliação da economia do açúcar. Mas vale lembrar que os holandeses não  encontraram portas abertas para uso pessoal, houve resistência por parte do brasileiros que em alguns momentos foram vitoriosos afastando os holandeses para uma ilha, mas nada que fosse permanente. 
O período em que os holandeses estiveram no Brasil foi marcado por um grande avanço não só do comércio ultramarino, mas também nas áreas da cultura, ciência e tecnologia. Foi também um período desordenado nas questões políticas e sociais
Com a expulsão dos holandeses, o Brasil ganha um concorrente direto na economia, a antilhana. Onde os neerlandeses montaram um complexo produtor de açúcar, onde desenvolveram técnicas modernas, possibilitando o aumento da produtividade, um custo menor de produção e, conseqüentemente, um menor preço para o mercado, que resultando na decadência da economia açucareira.
Com isso, o Brasil, que até então tinha uma relação de monopólio com o mercado de açúcar, não se adaptou à nova relação de concorrência. Da condição de primeira exportadora mundial de açúcar, a colônia portuguesa tem uma queda significativa e passa a ocupar a quinta posição entre os principais produtores, recuperando uma posição de destaque, um século depois, ou seja, no final do século XVIII, dentro do Renascimento Agrícola.
Enfraquecido economicamente, Portugal ampliou a dependência financeira em relação a Inglaterra. Na tentativa de garantir o monopólio comercial foram criadas Companhias de Comércio: Companhia Geral do Comércio do Brasil,  Companhia do Comércio do Estado do Maranhão. Essas companhias impuseram altos preços aos seus produtos e redução dos preços coloniais.
            A decadência se deu paralela ao desenvolvimento de outras mercadorias de exportação, como o fumo, o algodão e sobretudo o café, que contemporizo até quase a independência. Foram investidos na agroindústria açucareira, com a introdução da máquina a vapor e aplicações da química e da física na tentativa de revigorar, o produto. Mas não conseguiram retomar a hegemonia do passado. Um horizonte de possibilidades se estabeleceu e não firmaram o poderil do açúcar, mas que deu brecha para novas rotas.
            Vale salientar que esse modo de produção colonial, que a industria açucareira, que percorreu grandes períodos da história, foi fundamental para formação econômica do Brasil e que podemos observar resquícios até os dias atuais.
            Achamos pertinentes as palavras de Caio Prado Júnior para concluirmos, definindo o que seria essa indústria da cana-de-açúcar e que foi base para o que hoje temos em nossa economia.

Da economia brasileira, em suma, e é o que devemos levar daqui, o que se destaca e lhe serve de característica fundamental é: de um lado, na sua estrutura, um organismo meramente produtor, e constituído só para isto: um pequeno número de empresários e dirigentes que senhoreiam tudo, e a grande massa da produção que lhe serve de mão-de-obra, Doutro lado, no funcionamento, um fornecedor do comércio internacional dos gênero que este reclama e de que ela dispõe. Finalmente a sua evolução,e como conseqüência daquelas feitas, a exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço dos recursos naturais do país.[20]



Considerações Finais

         Estamos em um mundo onde a competitividade é algo atrelado a nossa vida. Desde a nossa fecundação já lutamos por um lugar, ou seja, competimos. Não é diferente na sociedade emergente capitalista, que estimula à concorrência, a rivalidade, a disputa por espaço, por lucro, pelo poder e pela firmação nesse mercado alucinado.  A economia rege as vidas humanas, pois o capital é quem aponta a direção a ser tomada. Nos torna capaz ou não de viver nessa sociedade.
 Desta forma foi possível observar essa corrida desenfreada pelo poder e pelo crescimento econômico, no processo de industrialização açucareira. A industrialização do açúcar é um fato importantíssimo da história da economia de Pernambuco e porque não dizer do Brasil. Este processo ocorrido mostra as grandes fases que esse modo de produção sofreu no decorrer dos séculos. Percebe-se  a manipulação de vidas, em prol de um único desejo, a sustentabilidade de uma elite, a metrópole português,   que usurpava de uma nação. Absorvendo tudo que era possível para o enriquecimento dos cofres lusitanos.
O açúcar foi um dos carros-chefes para que esse progresso português acontecesse. O comercio de Portugal só teve força a partir da base econômica advinda das terras brasileiras, maior fonte de renda do reino lusitano.
Todos esses fatores contribuíram para o que temos e somos hoje. Desde o trabalho escravo, até as invasões, tem a sua importância e que se faz necessária para a nossa formação, política e econômica.  Era preciso que tudo isso acontecesse para que tivéssemos um principio básico a ser seguido, ou a ser modelo de como não ser.

REFERÊNCIAS

DABAT, Christine Rufino. Moradores de Engenho:  relações de trabalho e condições de vida dos trabalhadores rurais na zona canavieira de Pernambuco, segundo a literatura, a academia e os próprios atores sociais. Ed Universitária da UFPE. Recife 2003
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961
______________, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1998



[1] Aluno do Curso de Licenciatura Plena em História pela Faculdade de Formação de Professores da Matasul – Palmares/PE. E-mail: wellington131722@hotmail.com Telefone: 92553765.

[2] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.7.
[3]  PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.6.
[4] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.7.
[5] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 18
[6] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 19
[7] PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.67.
[8] PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.67.

[9] PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.61.

[10]DABAT, Christine Rufino. Moradores de Engenho: relações de trabalho e condições de vida dos trabalhadores rurais na zona canavieira de Pernambuco, segundo a literatura, a academia e os próprios atores sociais. Ed Universitária da UFPE. Recife 2003, p. 90

[11]PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.113.
[12] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 19
[13] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 19
[14]  SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 122 
[15] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.22.
[16] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.22.

[17] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.23.

[18] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p.23.

[19]  FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005, p.22

[20] PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.123.

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