PAPIRO
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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Artigo Cientifico - A INDUSTRIALIZAÇÃO AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO
A
INDUSTRIALIZAÇÃO AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO
Wellington José de Aquino[1]
Resumo
Este artigo
trata de uma analise do processo de industrialização do açúcar que foi fator
primordial na formação econômica da nação brasileira. No
Brasil, a economia colonial estruturou-se de forma a atender ao objetivo de
fornecer gêneros tropicais ao comércio europeu, com base em três elementos
essenciais: a grande propriedade, monocultura e trabalho escravo. Os elementos
que ajudaram no desenvolvimento desse modo de produção foram os seguintes: os
engenhos, os senhores de engenho e os donatários das capitanias hereditárias,
que eram elos entre a colônia e a coroa portuguesa. Analisamos a importância do
índio e do negro que tiveram papeis importantíssimo na construção desse sistema
econômico. Avaliamos a expansão da cana-de-açúcar ao longo da história do
Brasil e que com o crescimento da produção da cana-de-açúcar, o Brasil precisava
de grandes extensões de terra para seu cultivo. E que para manter o controle
dessas terras foram criadas as capitanias. Forma encontrada por Portugal para
garantir seu domínio. Veremos o apogeu e o declínio dessa economia que perdurou
por três séculos. E como embasamento teórico usamos as obras de Caio Prado
júnior, Celso Furtado, Christine Dabat e Schwartz. Podemos observar que a cana de açúcar
deu sustentação, suporte ao processo de colonização, tendo sido a razão de sua
prosperidade nos dois primeiros séculos. A cultura da cana teve como função
principal a produção lucrativa da Colônia para o mercado externo,
consequentemente mantendo a Metropole portugesa em um nível econômico bastante
cômodo. Depois haverá alguns acontecimentos nesses sistema que trará consigo o
declínio.
Palavras Chaves: Expansão
canavieira. Escravidão. Modo de produção.
1.1 A
cana-de-açúcar no Brasil: uma breve introdução
Para darmos inicio a
essa temática, vamos passear pelo cenário que envolvia a Europa, neste período
onde a conquista de novas terras era sinônimo de poder, de sobreposição de uma
nação sobre a outra. Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra disputavam
o poder e o domínio do cenário econômico-comercial europeu daquela época. As
índias era a fonte desse poder e direcionados a ela todos se voltavam.
Atrás dos portugueses lançam-se os
espanhóis. Escolheram outra rota: pelo Ocidente, ao invés do Oriente.
Descobrirão a América, seguidos de perto pelos portugueses que também toparão
com o novo continente. Virão depois dos países peninsulares, os franceses,
ingleses, holandeses, até dinamarqueses e suecos. A grande navegação oceânica
estava aberta, e todos procuravam tirar partido dela. Só ficarão atrás aqueles
que dominavam o antigo sistema comercial terrestre ou mediterrâneo, e cujas
rotas iam passando para o segundo plano: mal situados geograficamente com
relação às novas rotas, e presos a um passado que ainda pesava sobre eles,
serão os retardatários da nova ordem. A Alemanha e a Itália passarão para um
plano secundário a par dos novos astros que se levantavam no horizonte: os
países ibéricos, a Inglaterra, a França, a Holanda.[2]
O Brasil nesta história
assume o papel destaque na formação econômica da nação portuguesa, que lutava
pela posição de superpotência no século das grandes expedições marítimas.
A expansão marítima dos países da
Europa, depois do séc. XV, expansão de que a descoberta e colonização da
América constituem o capítulo que particularmente nos interessa aqui, se
origina de simples empresas comerciais levadas a efeito pelos navegadores
daqueles países. Deriva do desenvolvimento do comércio continental europeu que
até o séc. XIV é quase unicamente terrestre e limitado, por via marítima...[3]
Como podemos observar,
firmados nas palavras de Caio Prado Júnior, o Brasil era produto, empresa
comercial, desenvolvimento econômico de Portugal que queria firma seu poder.
Pois como podemos notar todo o cenário da “descoberta” é nada mais que uma
narração dos fatos proveniente do comércio europeu, fato que podemos confirmar
nas palavras de Prado quando o mesmo diz
que:
(...) todos os grandes acontecimentos
desta era a que se convencionou com razão chamar de "descobrimentos",
articulam-se num conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio
europeu. Tudo que se passa são incidentes da imensa empresa comercial a que se
dedicam os países da Europa a partir do séc. XV e que lhes alargará o horizonte
pelo Oceano afora.[4]
Mesmo depois do
“descobrimento do Brasil, Portugal não mostrou muito interesse em explorar a
sua colônia. Os portugueses não se sentiam estimulados em ocupar e cultivar as
riquezas que a Terra de Santa Cruz lhe oferecia.
Se por um lado os lusitanos não investiam na
colônia, os países europeus cobiçavam muito essa fonte de matéria-prima
abundante. Tendo em vista esse interesse por parte dos europeus, Portugal passa
a se preocupar em manter o domínio sobre o Brasil. Sem esquecer que o
investimento inicial por parte do governo português na exploração das terras
brasileiras teria que retornar e era preciso que houvesse de forma plenamente
justificado pela obtenção de lucros e no menor espaço de tempo possível. Esses
e outros fatores foram determinantes para que os lusitanos despertassem para
apossar-se das especiarias que aqui existiam. Foi então que Portugal encontrou uma forma
mais econômica para colonizar o Brasil, a lavoura canavieira, que se tornava na
época um comércio rendoso.
O primeiro grande produto na atividade econômica,
foi a cana de açúcar, ou também conhecido como, mundo do açúcar. Desenvolvido a
partir do latifúndio monocultor escravocrata. O açúcar era uma, especiaria
bastante apreciada na Europa, veio como uma opção viável, especialmente devido
à experiência dos portugueses nas ilhas do Atlântico, que permitiu obter
completo domínio das principais rotas de escoamento da produção.
Acerca disto podemos conferir em furtado:
Os portugueses haviam já iniciado há
algumas dezenas de anos a produção, em escala relativamente grande, nas ilhas
do Atlântico, de uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu: o
açúcar. Essa experiência resultou ser de enorme importância, pois, demais de
permitir a solução dos problemas técnicos relacionados com a produção do
açúcar, fomentou o desenvolvimento em Portugal da indústria de equipamentos
para os engenhos açucareiros.[5]
Após o descobrimento, e
com a extensão e disponibilidade das terras existentes foi fundamental na
escolha do modelo de colonização a ser adotado. A cana-de-açúcar foi
introduzido no, nordeste brasileiro na capitania de Pernambuco. A produção de
açúcar no Brasil foi o principal meio econômico dos períodos iniciais da
colônia e que organizou a vida social dos municípios canavieiros da região
Nordeste, particularmente falando na região da Zona da Mata de Pernambuco, que
era a principal região envolvida com a atividade canavieira, juntamente com a
Bahia. O investimento inicial contava, com o apoio de comerciantes europeus, já
que estes não apenas controlava o comércio, como também monopolizavam a
refinação de todo o açúcar consumido na Europa.
A agricultura teve como
principal objetivo o cultivo de um produto que tivesse um grande valor comercial
e que trouxesse lucro para a metrópole.
O plantio de
cana-de-açúcar serviu antes de qualquer coisa, como dispositivo encontrado pela
metrópole, atendendo assim a dois objetivos básicos: em primeiro lugar era de
complementar a economia da metrópole, auxiliando-a no processo de acumulação de
capitais e investir na descoberta de novos produtos que beneficie a coroa
portuguesa. Esta cultura era extremamente “individualista”, dominante e que não
tolerava a introdução de outro tipo de cultivo em seus territórios. A indústria
açucareira brasileira constituiu uma extraordinária fonte de riqueza para a
metrópole portuguesa, tornando-se a maior produtora mundial durante o século
XVI.
Os portugueses se beneficiaram na produção da
cana-de-açúcar tendo em vista a proximidade entre os dois países. Sem esquecer-se
da grandiosa extensão de terra e do excelente solo e o clima, que proporcionava
uma produção de alta qualidade. “São sobretudo estas circunstâncias que
determinarão o tipo de exploração agrária adotada no Brasil: a grande
propriedade.”[6]
Isso pode ser comprovado com a estatística de que Brasil se tornara o maior
produtor mundial de açúcar, favorecendo a coroa portuguesa, que ajuntava os
lucros provenientes do mercado Europeu.
O cultivo da
cana-de-açúcar era um comércio extremamente vantajoso, que foi fonte de renda
da metrópole portuguesa por muito tempo. Para que houvesse uma continuidade do
poder político e econômico por parte dos lusitanos era necessário que tivesse
uma organização dos setores produtivos e o fator determinante, desde o primeiro
momento em que a cultura de cana-de-açúcar se instalou na colônia, foi a posse
da terra e, principalmente, de escravos para viabilizar sua exploração. Ter a
posse da terra e condições de explorá-la significava à consolidação do poder,
de modo que o investimento em capital fixo, ou seja, em escravos e equipamentos,
se reverteria automaticamente em significativos rendimentos financeiros,
autoridade e facilidades. Foi nesse período que os senhores de engenho criaram o
cenários de coronelismo, tornando-se as principais autoridades vigentes nas
terras em que eles ocupavam.
Os europeus ao ocuparem
as terras brasileiras pretendiam exercer uma produção de açúcar em grande escala
para atender a demanda do mercado europeu. O modo de produção circulava em
torno dos engenhos, que eram responsáveis pela fase final do produto. A abundante
terra doada para o plantio da cana garantia ao engenho o aumento da produção e
maiores lucros.
Em meados do século
XVII, a economia açucareira adentraria em declínio. Este fato fez com que
Portugal perdesse sua hegemonia como potência mundial. A decadência da
indústria açucareira teve como fator primordial a disputa acirrada entre os
diversos países europeus pela hegemonia econômica mundial, pois como vimos, desde
o início da colonização brasileiro, o país se tornou alvo direto de disputas
entre as diversas potencias europeias, onde os precursores foram os franceses,
tendo em vista as riquezas existentes no Brasil.
1.2
A economia açucareira
“Cultiva-se cana como
se extrai ouro” [7]
é fundamentado nas palavras de Caio Prado Jr que decorreremos o estudo da indústria
economia açucareira no Brasil colônia, mostrando já de inicio o valor atribuído
a esse produto agrícola.
A economia brasileira, no
período colonial, é voltada exclusivamente para manter a metrópole, ou seja,
suprir as necessidades em grande escala, fornecendo meios pelos quais os
dominadores pudessem manter seu patamar econômico em alto nível.
Não se pensou em criar
uma economia interna, nacional voltada para um desenvolvimento da colônia, como
nos apresenta Caio Prado Jr ao afirmar que “...a colonização não se orientara
no sentido de construir uma base econômica sólida e organizada, isto é, a
exploração racional e coerente dos recursos do território para satisfação das
necessidades materiais da população que nela habita.” [8],
Ou seja, o Brasil era carro-chefe do desenvolvimento Português.
Para Caio Prado, “a
nossa economia se subordina inteiramente a este fim, isto é, se organizará e
funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros.”[9]
O modo de produção se
desenvolverá pela agricultura monocultural, trabalhada por escravos e com o
desenvolvimento desse sistema será pela mão-de-obra especializada. Como podemos
confirmar em Dabat, quando a
mesma enfoca que, “uma das características do ciclo agrícola da cana-de-açúcar
é a demanda intensa e sazonal de mão-de-obra, sobretudo na época da safra, em
que o tempo constitui um elemento importante, tanto no corte, quanto no
processamento das canas.” [10]
Para suprir as
necessidades da Metrópole que almejava a supremacia econômica criou-se um
sistema organizado de produtividade onde a exploração das fazendas, engenhos e
da grande densidade demográfica tornou-se consequência correspondente, a essa
expansão do lucro. Onde Caio Prado explana dizendo: “a grande exploração
agrária – o engenho, a fazenda -, é conseqüência natural e necessária de tal
conjunto; resulta de todas aquelas circunstância que ocorrem para ocupação e
aproveitamento deste território que havia de ser chamado Brasil.”[11]
Tendo em vista o
excelente solo brasileiro, e sua dimensão que proporciona um vasto leque de
possibilidades, ainda torna mais estimulante a produção da cana. Partindo desse
pressuposto eles têm em mãos um grande cenário esperando pela produtividade.
Percebido o mundo de
território a sua frente era preciso agora sistematizar o trabalho, começando
pela mão-de-obra, que nesse período vai ser guiada pelo sistema escravocrata.
Pois Portugal não dispunha de trabalhadores suficientes para tamanha demanda de
serviço. E pela importação de aparelhamento necessário para a desenvoltura das
lavouras, de forma a atender a demanda
dos consumidores europeus.
A escassez de
mão-de-obra foi a maior dificuldade encontrada no período da ocupação inicial e
no cultivo da cana. As primeiras tentativas de mão-de-obra escrava foram com os
índios, algo que não vingou devido a resistência, falta de habilidade dos
indígenas e a quantidade de trabalho existente.
Partindo dessa
dificuldade em introduzir o índio, foi investido no mercado de escravo africano,
que tornou-se mais viável para as necessidades do momento. Para que a indústria
açucareira funcionasse a escravidão tornou-se algo fundamental, seria como
parte integrante da desenvoltura da produção do açúcar. Sem falar que iria
suprir a muitas necessidades e admitiria a firmação de atividades altamente vantajosas
de compra e venda de escravos na Europa. O escravo tornou-se parte
importantíssima no processo de acumulação e produção de capital. E sua
manutenção seria algo insignificante em relação ao lucro que eles
proporcionavam.
Havia uma organização bem definida como, por
exemplo, na parte de subsistência da comunidade, pois era preciso que tivessem
subsídios para os colonos e para os trabalhadores. Foi feita uma divisão do
trabalho, como podemos conferir em Furtado, “parte da força de trabalho escravo
se dedicava a produzir alimentos para o conjunto da população, e os demais se
ocupavam nas obras de instalação e, subseqüentemente, nas tarefas agrícolas e
industriais do engenho.”[12] Era uma economia bem sistematizada, a pesar de
todas as limitações iniciais.
Após a superação desse
problema de mão-de-obra era preciso agora se preocupar com a organização da
produção de trabalho e desenvolvimento da economia. Destacamos também a
mão-de-obra escrava que no decorrer do processo de escravidão houve uma
inversão de negociação com os africanos, ou seja, aqueles que antes importavam
agora estavam se beneficiando deste mercado.
A inversão feita numa economia
exportadora-escravista é fenômeno inteiramente diverso. Parte dela
transforma-se em pagamentos feitos no exterior: é a importação de mão-de-obra,
de equipamentos e materiais de construção; a parte maior, sem embargo, tem como
origem a utilização mesma da força de trabalho escravo.[13]
O escravo tornou-se algo extremamente necessário,
algo muito lucrativo, como furtado destaca, os africanos tornaram-se um bem
durável de consumo. E seu serviço era o pagamento do investimento feito no ato
da compra, pois o que o escravo trazia de retorno ultrapassava a despesa na
aquisição.
Nesta economia açucareira destaca-se também
outros modos de produção, como o Tabaco, importante atividade que vai suprir o
mundo do açúcar de escravos utilizado no tráfico negreiro e a pecuária que é de
extrema importância, pois é responsável pelo fornecimento do alimento, a carne
e o leite. A pecuária também era usada no transporte e força motriz para o
funcionamento da moenda que cai transforma a cana em garapa. É uma atividade
econômica do interior, enquanto o açúcar e uma atividade do exterior. Foi por
meio da pecuária que houve a interiorização da colonização, pois favoreceu o
mercado interno.
1.3 O engenho na produção açucareira
Nesse mundo do açúcar vale destacar a figura dos
holandeses, que foram responsáveis pelo financiamento para montagem dos
engenhos coloniais e também responsáveis pelo transporte do açúcar para Europa,
refino desse açúcar e pela distribuição desse produto por toda Europa.
Semelhante as grandes metrópoles para as indústrias, assim eram os
engenhos para a produção da cana-de-açúcar. Os engenhos eram verdadeiras usinas
no cultivo dessa especiaria. Nele se desenvolvia todo o processo de produção do
açúcar, no seu plantio e na preparação para a distribuição final.
Mas para que a produção obtivesse sucesso ainda contamos com uma figura primordial
que se estenderá por longo tempo, que é a pessoa do negro escravo que é
elemento essencial, como destaca Schwartz:
O elemento crucial na manutenção do açúcar foram os escravos. Suas
condições de vida e trabalho são fundamentais para explicar a natureza da
sociedade que se originou da economia açucareira. As relações dos cativos com
os engenhos e com os meios e processos de produção são de interesse primordial.[14]
Mas não podemos deixar de
destacar que a pesar de toda importância dos escravos, nada melhorou em relação
as condições de vida. Eles viviam em condições desumanas. Eram
tratados da pior maneira possível. Trabalhavam de sol a sol, recebendo apenas
trapos que não podemos nem chamar de roupas e uma alimentação de péssima
qualidade, o resto que sobrava da mesa dos coronéis, era algo semelhante a
lavagem. Muitas vezes os animais eram
tratados melhor do que os africanos. Eles passavam as noites nas senzalas,
acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente,
açoite e muitos não resistiam e morriam. Não podiam cultuar sés deuses, tinha
por obrigação de venerar os santos dos senhores. Foi nesse contexto que os
escravos utilizaram os santos católicos para adorar os seus orixás. Por isso
que alguns santos romanos são usados como entidades africanas.
Os engenhos eram compostos por uma
casa grande que era onde vivia o senhor do engenho, a autoridade maior da
região, e a sua família, a casa dos trabalhadores livres, a casa dos escravos
que eram conhecidas como "senzala", e a casa do engenho onde se
encontravam os aparelhos destinados ou fabricação do açúcar e tinha um grande
território destinado ao plantio da cana.
O
trabalho nos engenhos colocava frente a frente situações diferenciado de
serviços, pois estavam ali, os escravos índios, os escravos africanos e os
trabalhadores livres. Isso era algo muito difícil de lidar, pois havia um
afronta de injustiça diante desses três setores trabalhistas. Tal situação
ocasionou a tentativa de fuga de muitos escravos dos engenhos.
Os
engenhos eram verdadeiras indústrias e, diga-se de passagem, bem organizada.
Onde cada trabalhador tinha sua função especifica e responsabilidade sobre tal
função. A qualidade da produção do açúcar dependia da competência desses
profissionais. E se caso não fossem eficientes em seu ofício, caberia a eles a
ira dos senhores do engenho.
Neste
processo de produtividade os escravos começaram, com o passar dos tempos, a se
aperfeiçoar no manuseio dos equipamentos e na desenvoltura de algumas funções
especificas. Isso foi algo muito rentável para os coronéis, pois uma vez que os
negros começaram a manusear os equipamentos próprios dos especialistas em tal
função, consequentemente as despesas com essa mão-de-obra especializada
acabaria. Ou seja, mais lucro para os senhores de engenho.
Os
lusitanos viam nos engenhos uma unidade econômica básica significativa, pois
foi ponto de partida para o desenvolvimento da indústria açucareira. Os
portugueses viram tanto que estava dando certo esse trabalho realizado nos
engenhos que posteriormente, passaram a determinar também uma parte para a
produção de lavouras das terras que não eram cultivadas na casa grande.
Foi
tamanha a organização, o desenvolvimento desse setor de produção que houve uma
estruturação dessas pequenas comunidades que futuramente viriam a ser as
Genesis de grandes cidade. Os engenhos tornaram-se centros da vida social,
modelos de organização e poderil dos senhores.
Sem
deixar passar que dentro dessas fazendas existiam pequenas comunidades de agricultores
e pequenos produtores da cana de açúcar, que se utilizavam dos engenhos para
moerem suas canas. Desta forma podemos dizer que era um ciclo de produção.
Mesmo enquanto a cana era a base da economia
colonial, certas atividades secundárias complementavam as necessidades da
população. Ampliou-se, neste período outras especiarias como, a fabricação da
aguardente, a rapadura, o mel de furo e outras iguarias proveniente desses
pequenos setores. Nada que pudesse ser exportado, mas que girava internamente,
nessas regiões. Fora isso, havia o
cultivo de alguns produtos agrícolas, como a mandioca, base da alimentação da
população colonial, principalmente dos escravos.
A produção do açúcar era feita com uma grande
quantidade de mão de obra. Havia uma cooperação dos vários setores na produção
da cana. Setores agrícolas, pecuária e tantos outros. Os bois faziam funcionar a
moenda e puxavam os carros com lenha para a casa das caldeiras. A cana era
cortada pelos escravos e colocavam-na nos carros dos bois que a levavam para a
moenda.
Os engenhos além de fonte primária de produção, ganhou espaço também na
política, pois os coronéis, senhores de engenho, como queiram taxar, eram de
grande importância para as políticas dos pequenos municípios. Foi neste momento
que surgiu a expressão homens bons. A política era totalmente opressora, os o
poder girava em torno dos coronéis que eram, muitos deles os lideres das
câmaras municipais e ditavam as regras na região. Eram conhecidos como a lei e
a ordem, pois eles diziam o que era certo ou errado. Coma davam todos os âmbitos sociais.
Se inicialmente, o engenho era um pequeno auxilio no
modo de produção com o tempo ele se transformou em um sistema fechado e
complexo, quase auto-suficiente. Era um
verdadeiro lugar de produção.
Para que os engenhos funcionassem,
além da mão-de-obra escrava, dos índios, e da força de trabalho livre era
preciso fazer com que essa indústria laborasse, ou seja, era preciso fontes de
energia pra fazer mover esse engenho. A força utilizada foi a hidráulica,
através da roda d’água, simultânea à força humana e à tração animal.
Com a necessidade de água
para mover a produção, os engenhos eram construídos na maioria das vezes em
lugares próximos aos rios, facilitando dessa forma o funcionamento dos
equipamentos e no transporte.
Não houve, mudanças significativas no processo de manufatura
do açúcar durante os primeiros três séculos. Foi um processo de continuidade.
Mantiveram-se a mesma sintonia dos primeiros séculos, claro que com
aperfeiçoamentos e adaptações a realidade de cada momento.
Mas ao falarmos em moradia, engenho, vida social é
quase impensável não falar também na vida religiosa que era algo comum a época.
A Igreja cabia o papel de formação
dos aspectos mais nobres da colônia. Quase tudo que podia ser pensado em
relação a promoção da cultura, da educação, catequese, assistência social e ao
conhecimento de Deus era preocupação da Igreja. Os padres educavam nas escolas
dos engenhos e que vale salientar que eram os garotos que recebiam ensinamento.
As meninas ficavam em casa ajudando a mãe. As celebrações, devoções e crenças
eram feita na capela, conhecida como coração do engenho, alem dos outros
edifícios oficiais, como a casa-grande.
Não podemos deixar de mencionar que a igreja tinha lucro e vantagens nesse
contexto social e tinha uma grande autoridade, ficando um pouco abaixo do poder
dos coronéis, mas com grande influencia.
Era justamente em torno desses dois centros que funcionava os engenhos.
A casa-grande e a Capela.
Por fim podemos dizer que
os engenhos foram o ponto de partida para o desenvolvimento das vilas, sítios,
fazendas e das cidades. Pois como podemos
observar foi nesse momento do auge da produção açucareira que inúmeras
obras de foram feitas, como pontes, canais, bondes, estradas de ferro, telefone
e luz elétrica.
Para que houvesse um
aumento econômico mais rápido, os portugueses dividiram o território brasileiro
em capitanias que contribuiu na evolução as duas áreas mais produtivas da
especiaria, no caso São Vicente e Pernambuco, que tiveram um crescimento
populacional significativo.
1.4 Índios e o Negro: a força da produção
açucareira
Como foi visto no
decorres do texto a industrialização açucareira não teria a mesmo êxito se não
fossem essas figuras fundamentais na produção dessa especiaria que ganhou todo
o continente europeu, e vale destacar esses personagens como força motriz do
desenvolvimento da produção da cana-de-açúcar e na economia brasileira.
De inicio
destacaremos o índio que segundo caio prado Júnior. “Além da resistência que
ofereceu ao trabalho, o índio se mostrou mau trabalhador, de pouca resistência
física e eficiência mínima. Nunca teria sido capaz de dar conta de uma tarefa
colonizadora levada em grande escala.”[15] No
entanto, os índios tiveram uma importância transversal a essa da produção em
alta escala, mas desempenhavam papel também respeitável, na subsistência da
comunidade. Foram decisivos em outros setores, como na pecuária devido a
desenvoltura com os animais e com o lidar com o clima e com o solo.
Mas
para os portugueses isso não servia para os fins específicos de grande produção
e lucro almejados por eles. Aqui entra a figura do africano.
Aqui será o negro africano que resolverá
o problema do trabalho. Os portugueses estavam bem preparados para a
substituição; já de longa data, desde meados do séc. XV, traficavam com pretos
escravos adquiridos nas costas da África e introduzidos no Reino europeu onde
eram empregados em várias ocupações; serviços domésticos, trabalhos urbanos
pesados, e mesmo na agricultura.[16]
O negro vai ganhar espaço nesse modo de produção de
forma notável, partindo da troca que houve dos índios pelos negros. Em todas as
regiões teremos os negros como imagem impressa no trabalho forçado para
enriquecimento da coroa português.
O processo de substituição do índio pelo
negro prolongar-se-á até o fim da era colonial. Far-se-á rapidamente em algumas
regiões: Pernambuco, Bahia. Noutras será muito lento, e mesmo imperceptível em
certas zonas mais pobres, como no Extremo-Norte (Amazônia), e até o séc. XIX em
São Paulo.[17]
Essa substituição
trouxe, para os portugueses, uma preocupação a menos. Pois todas as
dificuldades com os índios eram reparadas com o excelente trabalho desempenhado
pelo negro. Claro que não podemos deixar de lembrar-se das tentativas de fuga e
as mortes dos africanos, que atormentaram os colonizadores e aos senhores de
engenho, mas que tinham um bom retorno financeiro.
Os negros, não
eram considerados gente, não tinha dignidade, valiam menos que qualquer objeto
industrial, animal e etc. Até mesmo pela igreja era considerado sem alma. Eram
máquinas, animais de produção e nada mais. Deste pressuposto podemos imaginar a
situação desses infelizes. E essa situação perdurou por muitos séculos. “Mas
seja com escravos africanos, escravos ou semi-escravos indígenas, a organização
das grandes propriedades açucareiras da colônia foi sempre, desde o início,
mais ou menos a mesma.” [18]
1.5
As Capitanias Hereditárias
Por
volta de 1530, D.
João III dividiu o território brasileiro em catorze grandes pedaços, entregues
a homens de confiança, mas com o intuito de prevenir e organizar sua colônia,
evitando que invasores tomassem sua fonte de renda. Esse sistema de
administração territorial não teve muito êxito, somente duas dessas
capitanias se sobressaíram. No caso a da Bahia e de Pernambuco, em virtude do
cultivo e do desenvolvimento da cana. As demais tenderam ao fracasso. Em Pernambuco essa economia teve o melhor
desempenho, foi a mais prospera, durante certo tempo. Na Bahia de todos os
santos se desenvolveu o maior centro produtor de cana-de-açúcar da época.
Esses dois centros urbanos que se
sobressaíram em áreas especializadas na cultura da cana e na produção do açúcar
foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos. A
Capitania de Pernambuco deu certo, pois estava veiculada com o mercado externo.
Essa rápida expansão fez com que o Brasil se transformasse no maior exportador
mundial de açúcar, no final do século XVI até meados de XVII.
No entanto, as capitanias
hereditárias passavam por problema de isolamento, tanto entre elas, quanto em
relação à administração central portuguesa. Tal situação de Isolamento fez com
que o rei de Portugal pensasse em uma solução, pois isto estava dificultando a
defesa das Capitanias contra os indígenas. Para que o sistema de colonização e
povoamento da terra não fosse atrapalhado o Estado português criou o
Governo-geral. Que seria uma centralização político-administrativa que Portugal
realizou na colônia. Que teve como primeiro governador, Tomé de Souza. Ele vai
fundar a primeira cidade do Brasil, que é a cidade de Salvador/Bahia. O 2º
Governador foi Duarte da Costa e o 3º foi Mem de Sá, que durante o seu governo
aconteceu a expulsão dos franceses e fundação da segunda cidade, que foi São
Sebastião, no Rio de Janeiro.
Com este novo modo de
produção mais sistemático houve o desenvolvimento organizacional, a expansão
canavieira e a firmação administrativa dessa economia. Foi nesse momento que a
sociedade começa a se organizar e tomar as formas que até hoje podemos notar.
Como por exemplo, foi nesse contexto que surgiu além do governo-geral, também,
as Câmaras Municipais, que reflete o chamado poder local. Esse lugar era usado
para reunir os grandes proprietários de terra tomavam as principais decisões
políticas. Aumento de salário, aumento ou não dos impostos. Isso nos parece familiar
com a realidade atual.
Abriram-se as porta
para o crescimento em grande escala. Podemos observar na afirmação de Furtado
quando ele destaca que “os magníficos resultados financeiros da colonização
agrícola do Brasil abriram perspectivas atraentes à utilização econômica das
novas terras.” [19]
Depois de 1530 o açúcar
se espalhou por todo o litoral brasileiro, devido as excelentes condições de
solo e clima, que favoreceu esse desenvolvimento. Desta forma tem-se inicio o
processo de povoação, pois com o crescimento em grande extensão de terra,
torna-se necessário um maior número de pessoas pra manter as terras, através da
monocultura da cana-de-açúcar, portugueses iniciaram o povoamento da região.
Mas vale lembrar, que
esse sistema não prevaleceu, há não ser São Vicente e Pernambuco, que tinha
seus donatários morando aqui, esse foi um fator primordial para o
desenvolvimento dessas duas capitanias. E os motivos para que o sistema não se
firme foi a grande extensão territorial para administrar, a falta de recursos
econômicos, os constantes ataques indígenas e a má administração por parte dos
donatários. Os donatários que arriscaram vir para o Brasil enfrentaram grandes
dificuldades.
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias
Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A
distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando
uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto
poucos possuem grandes propriedades rurais. As Capitanias
Hereditárias tiveram vida até o ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de
Pombal.
1.6
A ocupação holandesa
Conhecendo
as riquezas existentes no Brasil os holandeses tentaram ocupar o território da
Bahia sem muito sucesso, no entanto, tempos depois invadiram Pernambuco onde conseguiram
com êxito sua ocupação e dominaram com mão firme o litoral brasileiro.
Como
bem sabemos, desde a ocupação colonial do Brasil, os holandeses tiveram
participação ativa. Primeiro com o financiamento dos engenhos e de forma mais
significativa, sendo o articulador dos lusitanos e o mercado consumidor do
açúcar. Isto proporcionou aos intermediários holandeses um lucro expressivo com
o nosso açúcar, onde boa parte do que era arrecadado com o ouro branco, era
destinado aos burgueses da Holanda.
No
decorrer dessa frutuosa fonte de renda, houveram momentos de baixa na renda e
um dos fatores que ocasionou isso foi a junção de Portugal e Espanha, que tinha
como centro do poder do rei espanhol e que dominou o Brasil por aproximadamente
60 anos. Outro ponto importante a ser mencionado que teve ligação direta com
essa queda no capital, foi o domínio espanhol sobre os países baixos, que tinha
no seu grupo a Holanda. Este fato provocou uma grande guerra entre esses dois
países.
Este
fato provocou uma disputa direta entre estes dois países. A Espanha passou a
dificultar a vida dos holandeses no comércio, que teve como conseqüência uma
baixa no capital da burguesia holandesa. Consequentemente, a Holanda investiu
no nordeste brasileiro para tentar suprir suas necessidades e foram fundo na
produção açucareira. Os holandeses conquistaram boa parte do litoral, não sem
resistência, que tinha como cabeça o comandante da capitania de Pernambuco,
Matias de Albuquerque.
Já os senhores de
engenho não tiveram a mesma coragem e fugiram da luta. Eles queriam lucra, não
lutar contra os holandeses.
Somente em 1640,
Portugal conseguiu recuperar sua independência da Espanha. Portugal decidiu
apoiar as lutas que estavam sendo travadas no nordeste brasileiro para
colocarem os holandeses do território brasileiro. Nesta luta contra o domínio
da Holanda uniram-se escravos, senhores de engenho e os índios. E essa união
trouxe para o Brasil a vitoria, ou seja, a expulsão dos holandeses.
Depois que forma
expulsos os holandeses começaram a investir na produção do açúcar nas Antilhas,
só com uma diferença, eles possuíam muito mais capital e técnicas aperfeiçoadas. Passando a dominar o mercado.
Com isso o açúcar brasileiro começou a enfrentar crises e caminhar para um
declínio. Iremos observar agora decadência ocorrida nesse modo de produção que
rendeu um grande lucro aos cofres português por cerca de três séculos.
1.7 A crise do açúcar e seu declínio
O declínio se deu
devido a alguns fatores como, no entanto, salientaremos o desejo dos holandeses
em dominarem a técnica do cultivo da cana, que lhes possibilitariam
conquistarem o mercado internacional. Tanto é que quando eles chegaram em
terras brasileiras.
Com o passar dos tempos
o sistema social e econômico implantado no Brasil, nos tempos da colônia,
passou por transformações, ocorridas com o aceleramento populacional a partir
do desenvolvimento nos diversos setores.
Vale salientar, no entanto, que não foi apenas por
questões técnicas que o Brasil- colônia perdeu o monopólio no fornecimento de
açúcar para a Europa, isto seria apenas uma das causas, ou agravante. Mas são
vários os fatores conexos entre si que possibilitaram a retirada desse
privilégio à nação brasileira.
A crise da indústria açucareira teve iniciou a
partir do momento em que Portugal passou para o domínio espanhol, o que
hostilizou o império Português com a Holanda, que ocasionou na invasão
Holandesa de 1630 a 1654.
Mesmo com os cofres lusitano
crescendo sem medida, Portugal necessitava investir alto para a instalação da
empresa açucareira no Brasil. Com isso eles foram buscar apoio na Europa, pois
sabiam que não tinham todos os recursos necessários para a implantação. Sendo
assim, os portugueses se uniram com os holandeses. Em troca os holandeses
seriam os responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar na Europa.
Depois de sua fixação em terras brasileiras os
holandeses viram o volumoso resultado que a colônia de Portugal rendia, tomaram
o nordeste brasileiro. Com a ocupação holandesa, a exportação de açúcar teve um
considerável crescimento. Eles estimulavam a imigração de europeus com
qualidades para serem senhores de engenho e agricultores em Pernambuco.
Com o domínio do nordeste, os neerlandeses passaram
a dominar todas as fases da produção do açúcar, do plantio da cana-de-açúcar ao
refino e distribuição. Como também o controle do mercado de escravos africanos
e passaram a investir na região das Antilhas. Tendo eles controle sobre o
transporte dos produtos, pelo acervo tecnológico fluvial, sobre a mão-de-obra
africana, por serem eles traficantes de escravos e investindo, o produto teve
uma despesa menor e em contra partida os lucros duplicaram.
Os holandeses absorveram e retiveram tudo aquilo que
puderam de Portugal, foi o período para os lusitanos de grandes perdas
financeiras e que ainda deixar marcas com a saída dos holandeses, pois mesmo
depois que eles foram expulsos a economia brasileira não era mais a mesmo. Sem
falar nos danos ao patrimônio cultural do Brasil.
Com a invasão holandesa que de inicio trouxe
sofisticação, ou melhor, o comércio ganha novas rotas e se desenvolveu a tal
ponto que alavanca a economia. Daí por diante implantaram os seus domínios nas
redondezas próximas ao porto, buscando dessa forma ganha tempo e comodidade no
transporte dos produtos. Isso mostra um domínio, digamos assim, de como se
beneficiar das possibilidades encontradas no Recife.
Após a sua demarcação nos territórios nordestinos,
os holandeses passaram a se aperfeiçoar nas técnicas da cultura do açúcar o que
vai ser muito útil após a expulsão e instalação nas Antilhas. Serão
concorrentes diretos na ampliação da economia do açúcar. Mas vale lembrar que
os holandeses não encontraram portas
abertas para uso pessoal, houve resistência por parte do brasileiros que em
alguns momentos foram vitoriosos afastando os holandeses para uma ilha, mas
nada que fosse permanente.
O período em que os holandeses estiveram no Brasil
foi marcado por um grande avanço não só do comércio ultramarino, mas também nas
áreas da cultura, ciência e tecnologia. Foi também um período desordenado nas
questões políticas e sociais
Com a expulsão dos holandeses, o Brasil ganha um concorrente
direto na economia, a antilhana. Onde os neerlandeses montaram um complexo
produtor de açúcar, onde desenvolveram técnicas modernas, possibilitando o
aumento da produtividade, um custo menor de produção e, conseqüentemente, um
menor preço para o mercado, que resultando na decadência da economia
açucareira.
Com isso, o Brasil, que
até então tinha uma relação de monopólio com o mercado de açúcar, não se
adaptou à nova relação de concorrência. Da condição de primeira exportadora
mundial de açúcar, a colônia portuguesa tem uma queda significativa e passa a
ocupar a quinta posição entre os principais produtores, recuperando uma posição
de destaque, um século depois, ou seja, no final do século XVIII, dentro do
Renascimento Agrícola.
Enfraquecido economicamente,
Portugal ampliou a dependência financeira em relação a Inglaterra. Na tentativa
de garantir o monopólio comercial foram criadas Companhias de Comércio: Companhia
Geral do Comércio do Brasil, Companhia
do Comércio do Estado do Maranhão. Essas companhias impuseram altos preços aos
seus produtos e redução dos preços coloniais.
A decadência se deu paralela ao
desenvolvimento de outras mercadorias de exportação, como o fumo, o algodão e
sobretudo o café, que contemporizo até quase a independência. Foram investidos
na agroindústria açucareira, com a introdução da máquina a vapor e aplicações
da química e da física na tentativa de revigorar, o produto. Mas não
conseguiram retomar a hegemonia do passado. Um horizonte de possibilidades se
estabeleceu e não firmaram o poderil do açúcar, mas que deu brecha para novas
rotas.
Vale salientar que esse modo de
produção colonial, que a industria açucareira, que percorreu grandes períodos
da história, foi fundamental para formação econômica do Brasil e que podemos
observar resquícios até os dias atuais.
Achamos pertinentes as palavras de
Caio Prado Júnior para concluirmos, definindo o que seria essa indústria da
cana-de-açúcar e que foi base para o que hoje temos em nossa economia.
Da economia brasileira, em suma, e é o que devemos levar daqui, o que se destaca e lhe serve de característica fundamental é: de um lado, na sua estrutura, um organismo meramente produtor, e constituído só para isto: um pequeno número de empresários e dirigentes que senhoreiam tudo, e a grande massa da produção que lhe serve de mão-de-obra, Doutro lado, no funcionamento, um fornecedor do comércio internacional dos gênero que este reclama e de que ela dispõe. Finalmente a sua evolução,e como conseqüência daquelas feitas, a exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço dos recursos naturais do país.[20]
Considerações
Finais
Estamos em um mundo onde a competitividade é algo atrelado a nossa vida.
Desde a nossa fecundação já lutamos por um lugar, ou seja, competimos. Não é
diferente na sociedade emergente capitalista, que estimula à concorrência, a
rivalidade, a disputa por espaço, por lucro, pelo poder e pela firmação nesse
mercado alucinado. A economia rege as
vidas humanas, pois o capital é quem aponta a direção a ser tomada. Nos torna
capaz ou não de viver nessa sociedade.
Desta forma foi possível observar
essa corrida desenfreada pelo poder e pelo crescimento econômico, no processo
de industrialização açucareira. A industrialização do açúcar é um fato
importantíssimo da história da economia de Pernambuco e porque não dizer do
Brasil. Este processo ocorrido mostra as grandes fases que esse modo de
produção sofreu no decorrer dos séculos. Percebe-se a manipulação de vidas, em prol de um único
desejo, a sustentabilidade de uma elite, a metrópole português, que usurpava de uma nação. Absorvendo tudo
que era possível para o enriquecimento dos cofres lusitanos.
O açúcar foi um dos carros-chefes para que esse progresso português
acontecesse. O comercio de Portugal só teve força a partir da base econômica
advinda das terras brasileiras, maior fonte de renda do reino lusitano.
Todos esses fatores contribuíram para o que temos e somos hoje. Desde o
trabalho escravo, até as invasões, tem a sua importância e que se faz
necessária para a nossa formação, política e econômica. Era preciso que tudo isso acontecesse para que
tivéssemos um principio básico a ser seguido, ou a ser modelo de como não ser.
REFERÊNCIAS
DABAT, Christine
Rufino. Moradores de Engenho: relações de trabalho e condições de vida dos
trabalhadores rurais na zona canavieira de Pernambuco, segundo a literatura, a
academia e os próprios atores sociais. Ed Universitária da UFPE. Recife 2003
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia.
Editora Nacional, 2005
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil
Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961
______________, Caio. História Econômica do
Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na
sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1998
[1] Aluno do Curso de Licenciatura
Plena em História pela Faculdade de Formação de Professores da Matasul –
Palmares/PE. E-mail: wellington131722@hotmail.com Telefone: 92553765.
[5] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 18
[6] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 19
[7]
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil
Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.67.
[8]
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil
Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.67.
[9]
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil
Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.61.
[10]DABAT, Christine
Rufino. Moradores de Engenho: relações
de trabalho e condições de vida dos trabalhadores rurais na zona canavieira de
Pernambuco, segundo a literatura, a academia e os próprios atores sociais. Ed
Universitária da UFPE. Recife 2003, p. 90
[11]PRADO JUNIOR, Caio. Formação do
Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.113.
[12] FURTADO,
Celso. Formação Econômica do
Brasil,
32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005.
p. 19
[13] FURTADO,
Celso. Formação Econômica do
Brasil,
32ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2005. p. 19
[14] SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e
escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.
122
[17] PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
p.23.
[19] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 32ª. ed. São Paulo: Cia.
Editora Nacional, 2005, p.22
[20]
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do
Brasil Contemporâneo. 6ª edição São Paulo: Brasiliense, 1961. p.123.
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